O treinador da Fiorentina, adepto de um futebol ofensivo, vem colecionando mais e mais admiradores na Itália.
[Traduzido e adaptado de «Vincenzo Italiano, la nuova star dei tecnici italiani».]
Em duas temporadas completas à frente da Associazione Calcio Firenze Fiorentina, o técnico de 45 anos Vincenzo Italiano conquistou muito. Em primeiro lugar por ter dado aos viola o protagonismo que mereciam, conduzindo-os às finais da Coppa Italia e da Liga Conferência (ambas perdidas por pouco); em segundo lugar porque sua equipe conseguiu tais feitos apresentando jogo proposito e envolvente.
Este nativo da cidade alemã de Karlsruhe, filho de pais sicilianos (que voltaram para sua terra quando Vincenzo tinha apenas seis meses), mostra que a escola italiana de treinadores vai além do catenaccio. Apesar de seu sobrenome, ele abomina o defensivismo e a filosofia do «resultado acima de tudo». Seu estilo se assemelha muito mais aos de Arrigo Sacchi, Zdenek Zeman e Maurizio Sarri.
Essa Fiorentina apresenta muitos méritos se considerarmos que, além de apresentar um futebol vistoso, a equipe tem realizado temporadas consistentes. Além de vitórias em copas, os toscanos terminaram em sétimo e oitavo lugar nas últimas duas Series A. E exibindo jogo bonito, transições velozes e vontade de divertir. Tudo muito adequado para a valorização de atacantes como Dusan Vlahovic e Arthur Cabral.
Com tudo o que se disse acima, a ninguém surpreende que este ex-treinador do Spezia tenha sido especulado em clubes italianos de grande poder aquisitivo. Acima de todos esteve o Napoli, que perdeu Luciano Spalletti após a conquista do scudetto. Aurelio De Laurentiis, o presidente dos partenopei, via em Italiano um sucessor para o atual comandante da seleção azzurra porque também o Napoli de Spalletti era ofensivo.
Outro clube do bel paese que surgiu como possível destino foi simplesmente a Juventus. Massimiliano Allegri voltou aos bianconeri em 2021, mas até aqui tem sido incapaz de repetir o sucesso de sua primeira passagem (quando conquistou cinco Series A e quatro Coppas Italia). Se tivesse ido a Turim, Italiano teria se reencontrado com Dusan Vlahovic. Sob seu comando em Florença, o atacante sérvio brilhou intensamente.
Assim como Raffaele Palladino (Monza) e Thiago Motta (Bologna), Vincenzo Italiano é um expoente da nova onda do calcio champagne. Esse termo, surgido por causa do ex-treinador Luigi Maifredi, é utilizado para designar principalmente um futebol de velocidade. No caso da Fiorentina isso se vê principalmente nas laterais, enquanto no meio há preferência por atletas de grande técnica. E em todo o campo os viola exercem pressão.
O esquema tático é um 4-3-3 que se transforma com frequência num 4-2-3-1 —graças ao refinamento do meia Giacomo «Jack» Bonaventura—. Os laterais, principalmente Cristiano Biraghi, jogam bem avançados; o marroquino Sofyan Amrabat representava um meio-campista forte mas também de ótima técnica; e os pontos Nicolás González e Jonathan Ikoné são (como manda a cartilha) bastante velozes.
Embora diferentes atletas tenham partido de e chegado a Florença nesses dois anos, o modelo de jogo se manteve. E isso mesmo após janeiro de 2022, com a venda de Vlahovic à Juventus. O técnico dos viola seguiu adotando um esquema que valorizasse a figura do centroavante. Em 2022–23 este foi o brasileiro Arthur Cabral, cujo sucesso principalmente na Liga Conferência (de que foi um dos artilheiros) o levou a ser vendido ao Benfica.
No verão passado chegou Luka Jovic, vindo a custo zero do Real Madrid após três temporadas de poucos gols na Espanha. Também na Fiorentina o sérvio vem devendo um desempenho tão consistente quanto o que apresentou no Eintracht Frankfurt. Ainda assim, os treze tentos que marcou na última temporada representaram o seu melhor registro desde 2018–19 (quando chegou às redes 27 vezes em 48 jogos com a camisa do clube alemão).
A temporada europeia que terminou há alguns meses foi a melhor da carreira de Vincenzo Italiano. Após o difícil segundo semestre de 2022, a Fiorentina se recuperou de forma notável até finalizar a Serie A entre os oito melhores. E tanto a Coppa Italia quanto a Liga Conferência foram perdidas em jogos bastante duros que terminaram 2 x 1 para seus respectivos adversários (a Internazionale e os ingleses do West Ham).
Na temporada 2021–22, a primeira de Vincenzo com os viola, a equipe ficou em sétimo mas a apenas um ponto do sexto lugar (a zona da Liga Europa). E o que credenciou o treinador ítalo-tedesco a chegar a Florença foi o seu trabalho à frente do Spezia em 2019–20 e 2020–21. Na primeira dessas temporadas, os bianchi conseguiram um inédito acesso à Serie A; na segunda, conseguiram a manutenção na elite.
Italiano veio muito de baixo. Seu primeiro trabalho como técnico entre profissionais (antes foi auxiliar no Venezia e treinador de base no Luparense San Paolo) foi na Serie D, em 2016, com o Vigontina San Paolo. Em 2017 ele foi para o Arzignano Valchiampo, também na Serie D; em 2018 para o Trapani, na Serie C. Dali para o Spezia, e dali para Fiorentina —onde já é tido como um possível salvador do futebol italiano—.