Os quatro reforços de fevereiro tornam o Grêmio um time a ser observado de perto a partir de abril.
Após o segundo lugar no mais recente Campeonato Brasileiro, o Grêmio perdeu seu principal jogador. Desde então, a diretoria anunciou reforços que em tese elevam o patamar do tricolor dos pampas. Seriam eles o bastante para justificar o sonho de reconquistar a Copa Libertadores?
Luis Suárez terminou sua única temporada no futebol brasileiro como o atleta com mais participações diretas em gols na Série A 2023 (dezessete tentos e onze assistências). Se o Grêmio tinha a pretensão de lutar por grandes títulos em 2024, era preciso encontrar outro grande centroavante (mesmo que talvez não tão completo quanto o uruguaio).
Após muitos rumores e algumas tentativas frustradas (a última delas Tiquinho Soares, do Botafogo), em 8 de fevereiro anunciou-se que o sucessor de «Luisito» seria Diego Costa. Aos 35 anos, o hispano-brasileiro tem como principais credenciais ter defendido a furia em dois Mundiais (2014 e 2018) e ter brilhado no Atlético de Madrid e no Chelsea.
Diego é uma incógnita devido ao histórico de lesões e à impressão de que não esteve suficientemente comprometido com as duas equipes brasileiras que defendeu: o Atlético Mineiro (2021) e o Botafogo (2022). Veremos se, sob o comando de Renato Portaluppi (um técnico conhecido por «recuperar» jogadores), ele enfim brilhará em seu país natal.
Um dia antes do anúncio de Diego Costa, lia-se no portal ge que o Grêmio buscava até 16 de fevereiro —o prazo para a inscrição de reforços no Campeonato Gaúcho— não apenas um centroavante mas também um lateral-esquerdo, um volante e um atacante de velocidade. Se chegassem, seriam todos eles prováveis (ou pelo menos possíveis) titulares?
No dia 12 anunciou-se o volante Du Queiroz, de 24 anos, emprestado pelo Zenit até o fim da temporada (com opção de compra). O ex-Corinthians em tese disputaria posição com Pepê e o paraguaio Mathías Villasanti, mas sua boa atuação na estreia (6 x 2 sobre o Santa Cruz em 17 de fevereiro, pelo Gauchão) levantou a possibilidade de uma trinca de volantes.
No dia 15 veio o anúncio do lateral-esquerdo Mayk, de 24 anos, comprado do Guarani. (Antes de trazê-lo o Grêmio tentou Felipe Jonathan, do Santos.) Ele chega com o estatuto de suplente imediato de Reinaldo, tendo em vista que as outras opções são os ainda não tão experientes Cuiabano (hoje lesionado), de 21 anos, e Wesley Costa, de 20 anos.
No dia 16 deu-se o anúncio do atacante argentino Cristian Pavón, comprado do Atlético Mineiro (que manteve 15% dos direitos do atleta). Parecia questão de tempo até que ele vencesse a concorrência com Everton Galdino pela titularidade na ponta direita (ainda mais depois de registrar um gol e duas assistências na goleada sobre o Santa Cruz).
Antes dos quatro reforços acima mencionados, o tricolor dos pampas havia trazido para a atual temporada o goleiro argentino Agustín Marchesín, o volante Dodi e o ponta venezuelano Yeferson Soteldo. Como a primeira janela de transferências do ano se encerra daqui a quatro dias, ainda pode chegar alguém para a disputa da Copa Libertadores.
Mas, antes de se preocupar com o principal torneio da América do Sul (cuja fase de grupos começa em abril), o Grêmio buscará ampliar a hegemonia no Rio Grande do Sul (visto que venceu os últimos seis Estaduais). E o clássico com o Internacional no Beira-Rio, uma semana atrás, seria o primeiro grande desafio deste primeiro trimestre de 2024.
Naquele Grenal não veríamos o onze ideal de Portaluppi porque Soteldo se recuperava de lesão e Diego Costa, embora não estivesse lesionado, tampouco se encontrava em condições de jogo. Por isso (e também para encaixar Du Queiroz), o técnico tricolor trocou o 4-2-3-1 por uma espécie de 4-4-2 em que todos os meio-campistas eram volantes.
Os colorados do técnico argentino Eduardo Coudet eram os favoritos nesse dérbi por uma série de motivos: tinham o mando de campo, lideravam o campeonato e vinham de cinco vitórias. Logo, não surpreendeu o 3 x 2 a favor do Inter nesse último 25 de fevereiro. A questão a partir dali era se o Grêmio se mostraria mais forte quando chegassem os mata-matas.
Ontem os homens de Portaluppi encerram sua participação na fase de grupo com um 4 x 1 sobre o Guarany na Arena de Porto Alegre. Diego Costa estreou (e marcou um gol), mas Soteldo segue como desfalque. Semana que vem, na recepção ao Brasil pelas quartas de final, a tendência é que sigamos vendo o jovem Gustavo Nunes na ponta esquerda.
Além dos desafios relativos a adaptação e entrosamento de novos atletas, o tricolor parece ter algumas questões a resolver em relação à defesa. Na lateral direita, nem João Pedro nem Fábio tornaram-se unanimidades; na zaga, nem Pedro Geromel (38 anos) nem o argentino Walter Kannemann (32 anos) parecem fisicamente aptos a jogar seguidamente.
Os problemas mencionados acima podem ser contornados com sucesso na luta por vencer mais um Campeonato Gaúcho. Resta-nos saber se, durante a fase de grupos da próxima Copa Libertadores (cujo sorteio será realizado em 18 de março), o Grêmio apresentará desempenho condizente com o de um cabeça de chave e candidato ao título.