Destacamos aqui a ascensão de crias da base de Atlético Mineiro, Flamengo e Grêmio.
Os campeonatos estaduais são vistos como uma oportunidade de mostrar serviço por parte de atletas formados na base de grandes clubes brasileiros. Destacamos aqui três jovens que têm aproveitado tais oportunidades muitíssimo bem.
Uma das transferências mais surpreendentes deste trimestre se deu em 16 de fevereiro, com o anúncio de que Cristian Pavón trocaria o Atlético Mineiro pelo Grêmio. Por mais que houvesse perdido espaço com o técnico Luiz Felipe Scolari, o ponta argentino foi escalado em 35 das 50 partidas de que tomou parte na temporada anterior.
Antes que a negociação se concretizasse, o então diretor de futebol do Atlético, Rodrigo Caetano (hoje diretor de seleções da CBF), justificou-a dizendo que o clube buscava dar mais oportunidades a Alisson Santana. Nascido há 18 anos na cidade gaúcha de Cachoeirinha, o ponta-direita foi o grande destaque do galo na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2023.
No primeiro trimestre do ano passado o treinador do time principal era Eduardo Coudet, que pediu a integração de Alisson ao elenco que disputava a Copa Libertadores. Não foram muitas as oportunidades do jovem entre os titulares dali em diante, visto que participou de apenas cinco partidas no Campeonato Brasileiro (e sempre saindo do banco).
Em 2024, o camisa 45 vem conquistando espaço. Seu primeiro gol como profissional veio no dia 14 de fevereiro, quando entrou após o intervalo do 1 x 1 com o Tombense pela quinta rodada do Campeonato Mineiro; dez dias depois o cria da base foi titular e, apesar da má atuação coletiva no 1 x 1 com o América pela sétima rodada, ganhou elogios.
Naquele dérbi Felipão substituiu-o aos 65 minutos, e alguns torcedores do galo presentes no Independência o ofenderam por isso. Após o empate, durante a entrevista coletiva, o treinador gaúcho explicou que suas razões para tirar o ponta não foram técnicas ou táticas: «Ele é um menino. [...] [A]inda não está formado mentalmente para esse tipo de jogo.».
Apesar disso, Alisson foi titular tanto em 3 de março (3 x 0 sobre o Ipatinga pela rodada final, quando deu assistência) quanto ontem (2 x 0 sobre o América pela ida das semifinais). Não foi por nada que o próprio Scolari havia dito «[Alisson] [n]ão é apenas um jogador do Atlético; é um jogador para o futebol brasileiro, e pode ser para o futebol estrangeiro».
Nos primeiros dias de 2024, assim como hoje, o Flamengo tinha como primeiro volante titular o chileno Erick Pulgar (trazido da Fiorentina em 2022). Em segundo lugar nessa hierarquia vinha Allan (trazido do Atlético Mineiro em 2023), e em terceiro Thiago Maia (trazido do Lille em 2020, a princípio por empréstimo mas depois em definitivo).
Em fevereiro, quando Pulgar quanto Allan encontravam-se lesionados, Thiago já não vinha sendo relacionado porque tinha a perspectiva de se transferir para o Internacional (transferência essa que se concretizou no último dia da janela de verão). Assim, Igor Jesus, hoje com 21 anos, ganhou uma improvável oportunidade como titular no urubu.
O jogo em questão se realizou no dia 15, quando o Flamengo venceu por 3 x 0 o Bangu pela Taça Guanabara. Igor jogou quase todo o tempo (saiu aos 81 minutos), e ganhou muitos elogios (inclusive do ex-volante César Sampaio, auxiliar-técnico de Tite). No dia 20, o camisa 15 jogou os 90 minutos mais acréscimos do 4 x 0 sobre o Boavista.
Dali em diante os elogios se tornaram frequentes, e hoje Igor já é visto como opção tão válida quanto Allan para eventuais ausências de Pulgar. O chileno se recuperou de lesão e retomou a titularidade, mas Jesus segue ganhando minutos (o que não é pouco para quem até cerca de dois meses atrás seria quando muito um suplente não utilizado).
Um dos destaques do Grêmio na Copinha 2024 foi Gustavo Nunes, de 18 anos. Veloz e habilidoso, o ponta nascido em São Vicente do Sul (cidade a cerca de 335 km de Porto Alegre) era um jogador que poderia ter minutos entre os profissionais já neste trimestre caso se resolvesse a renovação de seu contrato com o tricolor dos pampas.
Quantos minutos ele poderia esperar? A princípio não muitos, pois o técnico Renato Portaluppi tinha como titular da ponta esquerda Yeferson Soteldo e como suplente do venezuelano Nathan Fernandes (apenas um ano mais velho que Gustavo). Mas aconteceu que no fim de janeiro Soteldo se lesionou, e no início de fevereiro o mesmo se passou com Nathan.
Gustavo Nunes estreou como profissional em 10 de fevereiro, quando entrou no segundo tempo da recepção ao São Luiz e deu a assistência para o gol de Everton Galdino no 1 x 1. Em seguida o Grêmio visitaria o Ypiranga, em Erechim, mas os titulares e até Portaluppi ficaram em Porto Alegre. Gustavo começou jogando e outra vez se destacou, apesar do 0 x 0.
Sua titularidade se manteve na recepção ao Santa Cruz, em 17 de fevereiro, quando marcou o primeiro gol entre os profissionais e o time venceu por 6 x 2. Oito dias depois viria o clássico com o Internacional no estádio Beira-Rio. Soteldo seguia se recuperando de lesão, mas Nathan Fernandes já estaria à disposição de Portaluppi.
O técnico tricolor optou por outra vez escalar Gustavo. Apesar da derrota por 3 x 2 na casa do colorado, o ponta agradou a ponto de ser tido como o melhor do lado visitante. É bem possível que o vejamos perder a titularidade com o retorno de Soteldo (provavelmente em abril), mas é certo que o camisa 39 continuará ganhando suas oportunidades.
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