No «tricolor» comandado por Rogério Ceni há pouco espaço para um típico «camisa 9».
O Bahia de 2024 se caracteriza por valorizar primeiramente os seus mais talentosos meio-campistas. Tendo isso em mente, perguntamo-nos Quais atacantes do esquadrão de aço terão se firmado quando chegarmos à Série A?.
Entre os meio-campistas do Bahia que permaneceram desde o encerramento da temporada passada há Rezende, Nicolás Acevedo e Yago Felipe. Mas de todos os remanescentes desse setor nenhum se destaca tanto quanto o meia Cauly, que terminou 2023 como indiscutível e na primeira janela de transferências de 2024 despertou o interesse do Palmeiras.
O Bahia não só não vendeu o seu camisa 8 como trouxe outros três-campistas de grandes recursos técnicos: Everton Ribeiro (meia), Caio Alexandre e Jean Lucas (volantes). Quando esses quatro atuam juntos, o estilo de jogo do esquadrão de aço é centrado neles. Mas como encaixá-los com os atacantes à disposição de Rogério Ceni?
Segundo o site oficial do Bahia, neste momento os atacantes do elenco profissional são o recém-chegado Oscar Estupiñán e os remanescentes Ademir, Everaldo, Biel e Rafael Ratão. (Poderíamos incluir aí outro remanescente, Luciano Juba, que no entanto tem atuado como lateral/ala.)
Esses cinco atletas foram titulares pelo menos uma vez nos últimos dois meses, muito porque Ceni tem evitado repetir a escalação entre um jogo e outro. Isso tem gerado especulações sobre qual ou quais atacantes seriam escalados nos compromissos mais importantes da temporada.
Em 4 de fevereiro houve o primeiro grande desafio: a recepção ao Sport, pela primeira rodada da Copa do Nordeste. Nesse dia o técnico tricolor escalou uma dupla formada pelo ponta-esquerda Biel (atuando como segundo atacante) e o meia Thaciano (atuando como «falso “9”).
Após a vitória por 2 x 1 sobre os recifenses, Ceni explicou o porquê de suas escolhas no setor mais avançado: «Eu gosto muito de ter um jogador com mais característica de ataque ao espaço, de alguém que ajuda a marcar. [...] Aquele “9” de área, nesse sistema, sofre um pouco com a gente.»
Considerando as preferências táticas de Ceni, os dois atletas com menos chances de titularidade seriam os dois com mais características de centroavante: Estupiñán e Everaldo. Em relação ao colombiano essas expectativas se confirmam, visto que até aqui ele foi titular em apenas três das sete partidas para as quais foi relacionado.
Já Everaldo foi titular em oito das quatorze partidas nas quais esteve entre os convocados. Entre elas a derrota por 3 x 2 fora de casa para o Vitória, em 18 de fevereiro, pelo Campeonato Baiano (quando o camisa 9 não chegou às redes mas deu uma assistência), e o triunfo por 2 x 1 fora sobre o Ceará (quando marcou um gol).
Mesmo agora, que já estamos em março, não é óbvio identificar os atacantes com mais prestígio aos olhos do técnico tricolor. Uma das razões por trás disso é que, além de trocar as peças, Ceni gosta de mudar o esquema tático e a forma com que tais peças são dispostas em campo.
Desde janeiro passado o esquadrão de aço pôde ser visto com pelo menos dois tipos de formação: o 4-4-2 e o 4-3-3. E tanto em um caso quanto no outro a presença de um típico centroavante nunca é garantida, pois não só Thaciano como também Cauly pode exercer o papel de «falso “9”».
Em relação às diferentes possibilidades quanto à formação do ataque do Bahia, talvez o mais sensato a fazer seja notar algumas tendências. Uma é que dificilmente haverá Biel e Ademir escalados ao mesmo tempo; outra é que dificilmente haverá Estupiñán e Everaldo juntos (e, como vimos no parágrafo anterior, ambos podem começar no banco de suplentes caso Ceni adiante Thaciano ou Cauly).
Tudo isso precisa levar em conta, evidentemente, o intenso calendário do clube neste trimestre (no qual disputa não só o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste mas também a Copa do Brasil). Por isso, talvez Ceni não tenha nem queira ter um onze ideal; o que ele tem são alguns prováveis titulares para os jogos mais importantes antes do Campeonato Brasileiro (que começa mês que vem).
Nos próximos nove dias teremos duas boas oportunidades para entender melhor o que se passa na cabeça do técnico tricolor: nesta terça, o Bahia visita o Caxias pela segunda fase da Copa do Brasil; no dia 20, recebe o Vitória pela sexta rodada da Copa do Nordeste. O primeiro jogo vale mais pelo dinheiro, o segundo mais pela rivalidade. Em ambos os casos, a motivação dos atletas será elevada.