Em no máximo duas semanas se encerrará a carreira do tenista brasileiro que mais despertou interesse de seus compatriotas na última década.
No dia 12 do mês passado, Thomaz Bellucci anunciou, aos 35 anos, a sua despedida do circuito da ATP. O último torneio de sua carreira será o Aberto do Rio de Janeiro agendado para 18 a 26 deste mês.
Relembramos aqui quatro grandes vitórias deste tenista que, mesmo sem nunca ter chegado a ser top 20 no ranking da ATP (o máximo a que chegou foi a 21.ª posição), em seus melhores dias jogava de igual para igual com praticamente qualquer um.
Foi em saibro mexicano que Bellucci conseguiu a sua primeira vitória sobre um tenista top 10. Quando enfrentou o espanhol Fernando Verdasco pelo ATP 500 de Acapulco em fevereiro de 2011, este era o número 9 do mundo (enquanto o brasileiro era o número 36).
O placar foi 2 sets a 1, parciais de 6/2, 4/6 e 6/3. O triunfo foi ainda mais marcante devido à já notória qualidade de Verdasco em terra batida (tanto é que no ano anterior o madrilenho conquistou o ATP 500 de Barcelona).
Após o jogo, o treinador de Bellucci, Larri Passos, demonstrou ter passado confiança a seu pupilo mesmo diante da possibilidade de levar uma virada: "A única coisa que pedi quando ele perdeu o segundo set foi para que ficasse no plano tático. Deu certo".
Três meses após aquele histórico jogo no México veio a maior vitória da carreira deste paulista de Tietê. No Masters 1000 da capital espanhola, Bellucci (ainda o 36.º da ATP) derrotou ninguém que menos que Andy Murray — então o 4.º no ranking.
Desta vez a vitória foi por 2 sets a 0, parciais de 6/4 e 6/2. Considerando que o britânico não encontrou muitas oportunidades de quebra de saque, o placar final parece ter refletido satisfatoriamente bem o que se viu em quadra.
Vencer um dos melhores do século num torneio de grande visibilidade é um marco na carreira de qualquer atleta. Como disse o catarinense Gustavo Kuerten após o jogo, "Essa vitória [...] prova que [Bellucci] tem capacidade para competir com tenistas top ten".
Thomaz Bellucci e David Ferrer se enfrentaram oito vezes (a primeira em 2010, a última em 2015). A única vitória do brasileiro se deu neste jogo de abril de 2012 — quando um era o número 45 do mundo e o outro o número 6 — pelo Masters 1000 de Monte Carlo.
Sendo este um torneio disputado em terra batida e sendo esse o piso preferido do espanhol, foi deveras surpreendente a aparente facilidade de Thomaz para fazer 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/2, numa partida de pouco mais de uma hora de duração.
Não é de admirar que Bellucci (também ele um especialista em terra batida, como se vê pelos seus quatro troféus conquistados como profissional) tenha considerado essa uma de suas melhores vitórias no saibro.
Em maio de 2016, na condição de número 37 do mundo, Thomaz Bellucci enfrentou logo na primeira rodada do Masters 1000 disputado na capital italiana o francês Gaël Monfils. Este era então o número 14 do mundo, mas meses depois seria o número 6.
Apesar da inegável qualidade do adversário, o placar foi 2 sets a 0 a favor de Thomaz, parciais de 6/3 e 7/6². Monfils aparentemente não estava em plenas condições físicas, mas, como o resultado do segundo set indica, esse não foi nem de longe um jogo fácil.
Após esse triunfo de Bellucci em Roma (o primeiro sobre um tenista top 15 desde 2014), o seu técnico, João Zwetsch, disse "o Thomaz está trabalhando duro para se fortalecer mentalmente. [...] [O] nosso foco é buscar a consistência".
Consistência parece mesmo ter sido aquilo que faltou ao principal nome do tênis brasileiro de simples dos últimos quinze anos. Talento ele tinha: não só Guga mas também outros tenistas ou ex-tenistas declararam ver nele potencial para ser top 10.
Parte do problema é que, tendo Kuerten (que se aposentou em 2008) vencido três Abertos da França (1997, 2000 e 2001) e alcançado o topo do ranking da ATP (2000), era difícil para os torcedores brasileiros se contentar com menos.
Mas, mesmo que Bellucci pudesse ter ido mais longe, cada partida em que ele deu o melhor de si o tornou um pouco mais digno de respeito e de admiração. E quem for ao próximo ATP 500 do Rio de Janeiro terá a oportunidade perfeita de lhe transmitir tais sentimentos.
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