Após o hexacampeonato estadual, os comandados de Renato Portaluppi buscam surpreender em seu retorno à primeira divisão nacional.

Poucas equipes brasileiras tiveram um início de ano tão bom quanto o Grêmio, que, além de ter vencido o Campeonato Gaúcho, só foi derrotado uma vez em dezoito jogos.

¿Até que ponto isso fará diferença no que se refere às metas do clube no seu retorno à primeira divisão nacional? É o que discutiremos a seguir.

Uma breve recapitulação

Um dos rebaixamentos mais inesperados dos últimos anos foi o do Grêmio de 2021. Tendo sido vice-campeões da Copa do Brasil da temporada anterior, os porto-alegrenses terminaram em 17.º lugar no Campeonato Brasileiro.

Em sua terceira participação na Série B, o tricolor do pampas sofreu mais do que o esperado para conseguir o acesso. Isso levou à demissão do treinador Roger Machado e ao retorno, em setembro, de Renato Portaluppi (demitido em abril do ano anterior).

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Grandes mudanças

Com a confirmação de que estaria novamente na elite do futebol nacional, o clube passou por intensas reformulações dentro e fora de campo. Além da mudança de presidente (Romildo Bolzan por Alberto Guerra), quase vinte atletas se foram e mais de dez chegaram.

É evidente que a maioria dos que já não treinam no CT Presidente Luiz Carvalho não era presença regular no onze inicial. Por esse motivo, destacamos principalmente as saídas do lateral-direito Edilson (hoje sem clube) e do meia/atacante Biel (hoje no Bahia).

A questão a ressaltar é que, dos antigos titulares que permaneceram, poucas gozam desse mesmo estatuto hoje. O meio-campista Bitello está entre os que seguem atuando desde o início dos jogos, ao passo que o atacante Diego Souza é agora suplente.

Essas muitas mudanças no time-base se devem principalmente aos recém-chegados. O atacante uruguaio Luís Suárez (que estava no Nacional) é o mais conhecido, e o meia argentino Franco Cristaldo (vindo do Huracán) também é um dos destaques.

Três meses quase perfeitos

O retrospecto do Grêmio na primeira parte da temporada 2023 dificilmente poderia ter sido melhor: foram quatorze vitórias, dois empates e uma derrota (83% de aproveitamento), 36 gols a favor (média de 2,00 por jogo) e 10 contra (média de 0,56).

Além de ter conquistado o Campeonato Gaúcho pela sexta vez seguida, a equipe se classificou sem problemas à terceira fase da Copa do Brasil. Seria isso o bastante para colocá-la entre as favoritas à conquista do próximo Campeonato Brasileiro?

Comparações

A resposta à pergunta anterior é não. Em apenas um dos dezoito jogos passados o tricolor dos pampas teve pela frente um adversário de Série A. (O seu arquirrival Internacional, ao qual superou por 2 x 1 em 5 de março, na Arena do Grêmio.)

Podemos garantir, então, que os azuis, pretos e brancos de Porto Alegre não lutarão pelo título? Também aqui a resposta é não. Para ficar em um exemplo recente, quem teria esperado que o Inter chegaria à última rodada do Brasileirão 2020 podendo conquistá-lo?

De modo geral, a conjectura mais lógica é a de que Renato e seus comandados a princípio lutarão por uma vaga na Copa Libertadores de 2024. Mas então precisamos dar um passo além e ser mais específicos: ¿estamos falando de vaga direta ou não?

Uma abundância de vagas

Aconteça o que acontecer, os quatro mais bem classificados na primeira divisão nacional em determinado ano disputam a fase de grupos da Libertadores do ano seguinte. E o quinto e o sexto garantem no mínimo uma vaga na segunda fase (a «Pré-Libertadores»).

Acontece que também o vencedor da Copa do Brasil garante vaga na fase de grupos, e não é nada incomum que tal equipe termine entre os seis melhores no Campeonato Brasileiro. Quando isso se verifica, abre-se uma vaga para o sétimo colocado na Série A.

Existem outras duas possibilidades de uma equipe brasileira chegar à fase de grupos da principal competição entre clubes da Conmebol: sendo campeã da própria Libertadores ou da Sul-Americana no ano anterior.

O resumo de tudo o que se disse nos últimos parágrafos é que o habitual G6 (4 + 2) pode virar até mesmo um G9 (7 + 2). Considerando que nas últimas duas temporadas terminamos com um G8 (6 + 2), esta parece ser uma boa possibilidade também para 2023.

O que dizem as cotações

A poucos dias do início do Brasileirão Série A 2023, as únicas cotações de longo prazo referentes a esse torneio dizem respeito ao mercado «Vencedor Final». A lista abaixo é a dos dez mais bem cotados ao título.

equipe	cotação
Flamengo	2,37
Palmeiras	3,75
Atlético-MG	6,50
Fluminense	10,00
Internacional	12,00
Corinthians	19,00
Cruzeiro	21,00
São Paulo	21,00
Vasco	21,00
Grêmio	21,00

Como se vê, em tese o Grêmio está em sétimo (junto de três outras equipes) no ranking de candidatos ao título. Embora isso o torne forte candidato a uma vaga na segunda fase da Libertadores 2024, seus dirigentes e torcedores jamais se contentariam com tal desfecho.

Para entender o porquê disso, basta ver que o quinto colocado nas cotações é o Internacional. O atual vice-campeão brasileiro sem dúvida merece muito respeito; mas ninguém hoje diria que o time colorado é superior ao gremista.

Uma última observação

Até aqui focamos na possibilidade de o tricolor gaúcho conquistar uma vaga na Libertadores por meio do Campeonato Brasileiro. Afinal, Portaluppi e seus homens não participarão de nenhuma das duas grandes competições entre clubes da Conmebol neste ano.

Mas, como lembramos, a equipe está viva na Copa do Brasil. É claro que também aí o favoritismo é de Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG, mas como descartar as chances de um clube que venceu essa mesma competição em 2016 com o mesmo treinador de hoje?

O que trouxemos aqui foram especulações baseadas na percepção de que tudo está indo melhor do que o esperado para o Grêmio. Será preciso aguardar mais um pouco para vê-lo medir forças regularmente contra os outros grandes do país.