Após dura eliminação na mais recente Copa do Mundo, a Espanha tem um novo treinador, Luis de la Fuente, que terá muitas incógnitas a resolver.
[Traduzido e adaptado de ''¿Cuál es el futuro de la selección española?''.]
[Artigo originalmente publicado em 22 de janeiro de 2023.]
Em 6 de dezembro a Espanha foi eliminada pelo Marrocos, nos pênaltis, nas oitavas de final do Mundial do Catar. Apenas dois dias depois anunciou-se que Luis de la Fuente seria o substituto de Luis Enrique como o treinador da Roja.
Há muitas dúvidas a serem esclarecidas em relação ao futuro da seleção ibérica. E, da parte de analistas esportivos daquele país, a expectativa é de que o novo comandante possa resolver tais questões quanto antes.
Tendo dirigido as equipes sub-19, sub-21 e sub-23 da Espanha, De la Fuente tem pela frente um trabalho árduo com a equipe principal — ainda mais se consideramos que ele precisará tomar decisões potencialmente controversas.
Uma das marcas identitárias de Luis Enrique eram convocações que seguiam um critério particular. O asturiano queria modelar a sua ideia de jogo com os atletas que melhor a entendessem, não se deixando levar por quem vinha jogando mais ou menos.
Com a chegada de um novo treinador, ainda não se sabe qual será o critério para a escolha de futebolistas. Se atreverá ele a convocar jovens, como fez seu antecessor, ou optará por nomes mais tarimbados?
A resposta à pergunta acima será conhecida em março, quando forem anunciados os escolhidos para a disputa dos dois primeiros jogos das Eliminatórias da Euro 2024. A Furia está no grupo A, no qual também se encontram Chipre, Escócia, Geórgia e Noruega.
Em 25 de março a equipe recebe a Noruega (do temível atacante Erling Haaland), e três dias depois visita a Escócia. Eis os dois jogos, contra seleções consideradas inferiores, que servirão como primeiras oportunidades para avaliar o trabalho do novo treinador.
Uma questão que De la Fuente precisará resolver diz respeito ao icônico Sergio Busquets. Após a queda espanhola na última Copa do Mundo especulou-se que o atleta de 34 anos estaria perto de se aposentar do futebol de seleções. E assim foi.
O atual comandante da Roja contava com o meio-campista do Barcelona — o último remanescente da geração campeã mundial de 2010 —, mas provavelmente não por muito tempo. Ainda assim, não será fácil ocupar o vazio deixado por Busquets.
Um de seus possíveis substitutos parece estar bem integrado à seleção. Rodri, do Manchester City, já não é nenhum novato (tem 26 anos), e apresenta boas perspectivas de se firmar como volante titular da Espanha.
Também é possível que De la Fuente siga o exemplo de Luis Enrique e continue escalando Rodri como zagueiro. Nesse caso, outra opção para a posição de volante seria Martín Zubimendi (23 anos), da Real Sociedad.
A passagem de Luis de la Fuente pelas categorias de base da seleção espanhola fez com que ele conhecesse em primeira mão os jovens futebolistas que podem fazer a transição para a seleção principal.
Nos últimos Jogos Olímpicos (entre julho e agosto de 2021), em que a Espanha foi medalha de prata, um dos nomes convocados por De la Fuente foi Pedri. E parece não haver dúvidas de que o meia do Barcelona será peça fundamental do novo sistema.
Considerando o momento em que a Furia se encontra, a realização de mudanças é praticamente um imperativo. No entanto, o elenco atual é muito jovem. Isso vale não só para Pedri (20 anos) mas também para Nico Williams (20) e Alejandro Balde (19).
Os jovens talentos mais indicados a adquirir a responsabilidade de liderar os demais jogadores serão aqueles que, embora ainda tenham caminho por percorrer, já tenham passado da fase de promessas do mundo do futebol.
Nos últimos anos a escalação da Espanha foi Unai Simón e mais dez. A chegada de uma nova comissão técnica dá lugar a dúvidas sobre quem será o goleiro titular. David de Gea não foi opção para Luis Enrique, que levou Robert Sánchez e David Raya para o Catar.
O provável é que Simon, do Athletic de Bilbao, mantenha-se no onze inicial. Mas, considerando que técnicos diferentes têm preferências diferentes (principalmente para essa posição), a princípio nada impede que De Gea, do Manchester United, volte a ser chamado.
Como se vê, tudo o que temos por enquanto são conjecturas. Será preciso esperar até março para obter uma ideia mais clara dos critérios de Luis de la Fuente — bem como das consequências de tais escolhas na postura da seleção espanhola.