É comum pensar em grupos de Copa do Mundo em termos de nível de dificuldade. Mas e quanto ao nível de previsibilidade?
Embora o próximo Mundial da FIFA não nos tenha apresentado um grupo da morte, um deles apresenta mais desafios de prognóstico do que os outros sete.
Antes de cada sorteio de grupos da Copa do Mundo há grande expectativa em torno da formação de um possível ''grupo da morte''.
Por grupo da morte entende-se aquele que reúne uma proporção maior de equipes fortes e que, portanto, impossibilita a classificação de uma (ou mais) delas à fase seguinte.
No atual formato do Mundial de seleções (formato esse que mudará a partir de 2026) temos oito grupos de quatro, das quais duas avançam às oitavas de final.
Assim, se pelo menos três equipes em determinado grupo estão entre as mais bem cotadas antes do início do torneio, esse é o grupo da morte.
A última vez em que isso se verificou foi em 2014. O grupo D reunia Uruguai, Itália, Inglaterra e Costa Rica. (E, surpreendente, terminou com os costa-riquenhos em primeiro.)
Neste ano, a expectativa ficou por conta do grupo em que a Alemanha cairia, já que desta vez a Mannschaft não seria cabeça de chave.
Coube aos alemães o grupo E. O seu cabeça de chave é a fortíssima Espanha, mas as outras duas seleções, Costa Rica e Japão, não são tão conceituadas.
Eliminada a hipótese de grupo da morte em Catar 2022, podemos nos voltar a análises um pouco mais sofisticadas em relação aos seus oito grupos.
Outra questão que tende a gerar discussões interessantes antes de cada Copa do Mundo é qual seria o seu grupo mais forte.
No caso de Rússia 2018, esse foi provavelmente o F. Dele faziam parte Alemanha, México, Suécia e Coreia do Sul.
Que a Alemanha tenha terminado em último foi obviamente uma surpresa. Além de ser a campeã vigente, a equipe ocupava o 1.º lugar no ranking da FIFA.
Mas, considerando que nesse mesmo ranking os mexicanos estavam em 15.º, os suecos em 24.º e os sul-coreanos em 57.º, era expectável que os alemães não tivessem vida fácil.
Quanto a Catar 2022, o já mencionado grupo E é considerado dos mais fortes, mas também o H — de Portugal, Uruguai, Coreia do Sul e Gana — impõe respeito.
A questão é se algum deles pode ser considerado também o grupo mais imprevisível da Copa.
É interessante observar que mesmo um grupo com equipes competitivas pode não apresentar grandes dúvidas quanto à sua ordem de classificação esperada.
Podemos especular que o G, por exemplo, terminará com Brasil em primeiro, Sérvia em segundo, Suíça em terceiro e Camarões em quarto.
Talvez a disputa pelo segundo lugar do grupo seja equilibrada; mas será surpreendente se os brasileiros não terminarem no topo e os camaroneses não terminarem em último.
Um grupo imprevisível, por outro lado, é aquele em que não é fácil prognosticar nem quem terminará em primeiro nem quem terminará em quarto.
E no nosso ranking de imprevisibilidade um deles se destaca.
Quando olhamos para o grupo B, vemos que todas as suas seleções estão entre as vinte melhores no atual ranking da FIFA (atualizado no último 6 de outubro).
A Inglaterra (a cabeça de chave) aparece em 5.º lugar, os Estados Unidos em 16.º, o País de Gales em 19.º e o Irã em 20.º.
É claro que os favoritos a terminar em primeiro são os ingleses. É o mínimo que se espera de quem terminou em quarto no último Mundial e em segundo na última Euro.
Mas tal favoritismo é um pouco menor desde o recente rebaixamento da seleção treinada por Gareth Southgate na Liga das Nações.
O rebaixamento talvez seja o menor dos problemas. A Liga das Nações é uma competição de importância duvidosa, cujas partidas têm caráter quase de amistosos oficiais.
Ainda assim, não há como ignorar que, nas seis rodadas da fase de grupos do torneio, os Three Lions empataram três partidas e perderam as outras três.
E um desses reveses foi por 4 x 0, em casa, para a Hungria (que sequer estará no próximo Mundial de seleções).
Quanto às outras seleções do grupo B de Catar 2022, a proximidade entre elas no ranking da FIFA fala por si. Qualquer uma pode terminar em segundo, em terceiro ou em quarto.
Devido ao fator geográfico, talvez seja possível apontar um leve favoritismo dos iranianos por uma das vagas às oitavas de final.
Não é o que sugerem os prognósticos profissionais quanto a quem passará de fase. Os americanos aparecem cotados em 2,00, os galeses em 2,10 e os iranianos em 5,00.
Pode até ser que essa previsão se confirme. Mas, se existe uma competição cuja fase de grupos tende a contrariar prognósticos, esta é a Copa do Mundo de Futebol.
[HH]
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