A transferência de Daniel Alves para os mexicanos do Pumas causou surpresa e desconfiança, mas parece ter sido um acerto de ambas as partes.
[Artigo originalmente publicado em 1 de agosto de 2022.]
Assim que Daniel Alves comunicou, em junho passado, que não faria parte do elenco do Barcelona para a temporada 2022–23, não faltaram especulações de que o seu próximo destino seria um clube brasileiro.
Em vez disso, o lateral-direito/ponta-direita de 39 anos assinou com os mexicanos do Pumas — uma decisão surpreendente para um jogador que pretende disputar a próxima Copa do Mundo.
O estranhamento que essa transferência despertou é compreensível. Mas, mesmo não sendo o México um dos principais centros futebolísticos do mundo, talvez a escolha do brasileiro não tenha sido assim tão esdrúxula.
Na imprensa mexicana, a contratação de Dani Alves pelo Pumas foi considerada tão ''bombástica'' quanto a de Ronaldinho Gaúcho (então com 34 anos) pelo Querétaro em 2014.
Os analistas esportivos se mostraram menos empolgados. Mesmo considerando a presença de Dani um ''luxo'', David Faitelson, da ESPN, não parecia convencido de que àquela altura o lateral/ponta entendesse o que o seu novo clube representava.
Um dos colegas de Faitelson na ESPN, Álvaro Morales, foi muito mais duro: disse que, com ''quase 70 anos'', o brasileiro pouco poderia contribuir com uma equipe ''tão ruim'' como o Pumas.
Consideremos, então, o momento da atual casa de Dani Alves.
Pumas é como popularmente se chama o Club Universidad Nacional, ou UNAM. É um dos quatro grandes do futebol mexicano, junto de América, Chivas e Cruz Azul.
Já faz alguns anos que os Universitários, por questões financeiras, vêm tendo dificuldades em formar equipes consideradas fortes candidatas aos principais títulos (principalmente após a ascensão dos ''emergentes'' Monterrey e Tigres).
À atual baixa capacidade de investimento do clube junta-se a sua fama de revelar jogadores de qualidade (foi lá que o lendário Hugo Sánchez começou), o que torna lógico que o seu atual técnico, o argentino Andrés Lillini, venha apostando na base.
O principal nome da equipe nos últimos anos vem sendo um conterrâneo de Lillini, o atacante Juan Dinenno. Com ele e os brasileiros Higor Meritão (meio-campista) e Diogo (atacante), os Auriazuis foram vice-campeões da Liga dos Campeões da Concacaf de 2022.
Para esta nova temporada, pouco antes do anúncio do lateral/ponta brasileiro o Pumas trouxe outros dois atacantes argentinos: Eduardo Salvio (ex-Boca Juniors) e Gustavo del Prete (ex-Estudiantes).
Nada disso foi suficiente para que a imprensa do país os considerassem um dos favoritos para vencer a atual edição da Liga MX (o Campeonato Mexicano).
Veremos a seguir razões para acreditar que, apesar de tanto ceticismo, Dani Alves tem boas chances de se sair bem nessa passagem pela América do Norte.
Antes de confirmado o acerto de Dani com o Pumas, o treinador da seleção brasileira, Tite, foi questionado a respeito do atleta no podcast Podpah.
O técnico gaúcho foi então muito claro: disse que o baiano só não estaria no Mundial do Catar — em novembro e dezembro deste ano — se não estivesse fisicamente nas melhores condições e disputando um campeonato de alto nível.
Dani é conhecido pelos cuidados que toma com o seu corpo. Parece improvável que, apesar das limitações impostas pela idade, deixe de ser convocado por questões de condicionamento físico.
Quanto ao nível da Liga MX, embora evidentemente inferior às principais ligas europeias, podemos considerá-lo tão bom ou quase tão bom quanto o do Brasileirão.
Muitos devem se lembrar dos anos em que os mexicanos disputavam a Copa Libertadores e de como tais equipes frequentemente iam longe no torneio (embora nunca o tenham conquistado).
Também há que se levar em conta a análise feita pelo zagueiro brasileiro Matheus Dória — que joga nos mexicanos do Santos Laguna desde 2018 — em entrevista para o ge no ano passado.
Dória fez elogios à Liga MX pela sua intensidade e alto nível de competitividade, em parte devido à sua fórmula de disputa: há um campeão por semestre (e não por ano), decidido em mata-matas (e não por pontos corridos).
Ou seja, é o tipo de torneio ideal para quem se prepara para uma Copa do Mundo — outra competição de “tiro curto” decidida em mata-matas.
Concluímos este texto com algo que ficou por dizer quando nos referimos ao atual momento do Pumas: o clube não conquista um único troféu há onze anos.
Qual será o impacto para os restantes atletas do elenco dos Universitários de jogar ao lado de Daniel Alves — o jogador com mais títulos na história do futebol?
É bem possível que isso sirva de inspiração e de motivação extra para aqueles que buscam recuperar o prestígio de uma das instituições mais amadas do esporte mexicano.
No mínimo, é mais um bom motivo para acompanhar o desempenho do Pumas e de Dani Alves neste semestre.
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