A atual geração de futebolistas venezuelanos pode fazer história ao classificar a equipe pela primeira vez a uma Copa do Mundo.
[Artigo originalmente publicado em 26 de dezembro de 2022.]
Das dez seleções de países-membros da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), a única que nunca se classificou a um Mundial da FIFA foi a Venezuela.
Analisamos aqui as perspectivas de a Vinotinto conseguir esse feito nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
O próximo Mundial de seleções terá algumas particularidades. Uma delas é que, pela primeira vez na história, haverá três países-sede — Canadá, México e Estados Unidos.
Outra, ainda mais importante para o propósito deste nosso texto, diz respeito ao aumento no número de seleções. Em vez de 32 (como vinha sendo o caso desde 1998), teremos 48.
Consequentemente teremos também um aumento no número de seleções vindas da América do Sul.
Até 2022 a Conmebol podia ter no máximo cinco representantes em uma Copa do Mundo: quatro classificados de forma direta e um através dos play-offs intercontinentais.
A partir de 2026 serão seis vagas diretas com a possibilidade de mais uma através dos play-offs.
Será que a Venezuela tem motivos razoáveis para sonhar em conquistar uma dessas seis ou sete vagas? É o que veremos a seguir.
Embora o primeiro Mundial de seleções tenha sido realizado em 1930, as primeiras Eliminatórias da Venezuela foram as de 1966.
Foi um começo muito pouco animador. A Vinotinto perdeu seus quatro jogos, sofreu quinze gols e marcou quatro.
A primeira vitória veio apenas no torneio classificatório para a Copa de 1982. Em Caracas, a equipe derrotou a Bolívia por 1 x 0.
Na época, as seleções da Conmebol eram divididas em mais de um grupo. O formato atual, de grupo único com turno e returno, foi adotado apenas a partir das Eliminatórias de 1998.
Eis os desempenhos dos venezuelanos desde então:
Eliminatórias | vitórias | empates | derrotas | aproveitamento | classificação final |
1998 | 0 | 3 | 13 | 6% | 9.º |
2002 | 5 | 1 | 12 | 30% | 9.º |
2006 | 5 | 3 | 10 | 33% | 8.º |
2010 | 6 | 4 | 8 | 41% | 8.º |
2014 | 5 | 5 | 6 | 42% | 6.º |
2018 | 2 | 6 | 10 | 22% | 10.º |
2022 | 3 | 1 | 14 | 19% | 10.º |
(Obs.: apenas nove equipes participaram das Eliminatórias de 1998 e de 2014.)
Os números acima são reveladores. O aproveitamento da Venezuela, que vinha melhorando a cada quatro anos, despencou nos últimos dois torneios classificatórios.
Considerando apenas tais estatísticas, as perspectivas de vermos os representantes desse país no próximo Mundial seriam as mais pessimistas possíveis.
Mas, além do aumento no número de vagas, os venezuelanos têm sim motivos para sonhar.
Em novembro de 2021, quando faltavam três rodadas para o fim das últimas Eliminatórias, o argentino José Pékerman foi anunciado como o novo técnico da seleção.
Eis um homem com experiência quando o assunto é chegar a uma Copa do Mundo. Pékerman classificou a Argentina para a de 2006 e a Colômbia para as de 2014 e 2018.
A sua trajetória com os Cafeteros merece algumas palavras a mais. Quando Pékerman chegou à Colômbia, estes vinham de três Eliminatórias seguidas sem se classificar.
A partir daí entende-se facilmente o porquê de o jornal uruguaio El País ter considerado o argentino o treinador do ano na América do Sul em 2012, 2013 e 2014.
Além de um técnico de renome, a Venezuela de hoje tem atletas de bom nível e relativamente jovens.
Dois deles jogam no Brasil: o zagueiro Nahuel Ferraresi, emprestado pelo Manchester City ao São Paulo, e o ponta-esquerda Yeferson Soteldo, emprestado pelo Tigres ao Santos.
Outro atuava no país há até bem pouco tempo: o ponta-direita Jefferson Savarino, que, antes de se transferir para o Real Salt Lake, estava no Atlético-MG.
Ferraresi tem 24 anos, Soteldo tem 25, e Savarino 26.
Um tanto mais experiente que esses três é o meia Rómulo Otero, de 30 anos, que ano passado trocou o Cruz Azul pelo Fortaleza mas deve mudar de casa em breve.
Junte-se a eles o atacante Salomón Rondón (33 anos), sem clube, e o volante Tomás Rincón (34 anos), da Sampdoria, e tem-se uma equipe apta a se mostrar competitiva.
Se a Venezuela apresentou um aproveitamento tão ruim nas Eliminatórias de Catar 2022, muito disso se deve ao seu desempenho fora de casa.
Em nove partidas enquanto visitante, a Vinotinto não somou um único ponto.
Alcançar um desempenho consideravelmente melhor nas Eliminatórias de Canadá/México/Estados Unidos 2026 é o grande desafio da equipe atual
Algo em torno de 25% de aproveitamento fora (o que se obtém com duas vitórias e um empate) provavelmente será o bastante caso a Venezuela supere os 50% em casa.
Se Pékerman e seus comandados conseguirão alcançar tais números é o que saberemos a partir de março — quando têm início as próximas Eliminatórias da Conmebol.
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