Um mês após chegar ao São Paulo, o jovem técnico já superou as desconfianças que havia a seu respeito.
Graças a um 2023 em que levou o Água Santa à final do Campeonato Paulista e o Juventude de volta à Série A, Thiago Carpini chegou ao São Paulo. Neste artigo falaremos do que mudou no tricolor do Morumbi desde que passou a tê-lo como técnico.
Thiago Carpini foi anunciado como o sucessor de Dorival Júnior em 11 de janeiro. Dois dias depois, o portal ge publicou uma matéria mencionando aqueles que seriam os principais desafios do paulista de 39 anos em sua primeira oportunidade à frente de um clube grande. (Essa trajetória começou em 2020, no Guarani.)
Uma das questões (talvez a menos complicada) dizia respeito à zaga após a venda de Lucas Beraldo para o Paris Saint-Germain. Para formar a dupla com o equatoriano Robert Arboleda (isso, é claro, se ele se mantivesse como titular) havia Diego Costa, o venezuelano Nahuel Ferraresi e o argentino Alan Franco.
Em cada um dos três primeiros jogos da temporada, contra Santo André, Mirassol e Portuguesa (todos pelo Campeonato Paulista), vimos uma defesa diferente. Mas nos dois seguintes, contra Corinthians (Campeonato Paulista) e Palmeiras (Supercopa do Brasil), os titulares da zaga foram Arboleda e Diego Costa.
Na matéria do ge falou-se também da expectativa quanto a encontrar espaço para James Rodríguez. Tendo chegado em julho passado, o meia/atacante colombiano foi titular com frequência nos últimos jogos de 2023; em setembro, porém, fora suplente não utilizado tanto na ida quanto na volta das finais da Copa do Brasil.
A princípio a vinda de Carpini representou boa notícia para James. Quando ainda estava à frente do Água Santa, o atual comandante do São Paulo declarou-se adepto de um futebol menos físico e mais técnico. Convenhamos: quantos outros jogadores em atuação no Brasil apresentavam tantos recursos técnicos quanto o colombiano?
James começou o ano realizando o chamado trabalho de carga para mitigar o risco de lesões, mas a sua decisão de não viajar a Belo Horizonte quando soube que não seria relacionado para a Supercopa do Brasil não pegou bem. Na quarta-feira seguinte o ge noticiou que ele pediu para deixar o clube de forma amigável.
Desde o fim da última temporada o São Paulo trouxe quatro reforços: o meio-campista Luiz Gustavo (a custo zero, visto que estava sem clube desde julho), o meio-campista paraguaio Damián Bobadilla (comprado do Cerro Porteño), o atacante Erick (a custo zero, vindo do Ceará) e o atacante Ferreira (comprado do Grêmio).
Todos os novos contratados chegaram antes do atual treinador, e desses quatro era Ferreira (antes conhecido como Ferreirinha) quem parecia ter maior probabilidade de começar a temporada como titular. Esperava-se que Luiz Gustavo disputasse posição com Alisson e que tanto Bobadilla quanto Erick fossem suplentes.
É nesse ponto que Carpini tem se mostrado mais conservador, pois nem mesmo Ferreira foi titular nos jogos mais importantes. A diferença em relação aos últimos dias de Dorival Júnior diz respeito a um atleta que já integrava o elenco: o meia/atacante Nikão, antes tido como negociável, hoje é opção na ausência de algum titular.
Em 15 de janeiro realizou-se a primeira entrevista coletiva de Thiago Carpini no CT da Barra Funda. Na ocasião foram levantadas duas questões que poderiam representar obstáculos para ele: a idade (é apenas um ano mais velho que o lateral-direito Rafinha, por exemplo) e a chegada a um grupo já vitorioso.
Carpini elogiou a diretoria por apostar em um treinador de 39 anos e disse que teria no coordenador técnico do clube, Muricy Ramalho, um mentor. Quanto a ocupar o cargo que até dias antes era do hoje comandante da seleção brasileira, afirmou que pretendia seguir a linha de Dorival e gradativamente propor novas ideias.
Num clube da dimensão do São Paulo raramente há tempo para a implementação gradual de uma filosofia. O time poderia até jogar um futebol convincente nas três rodadas iniciais do Paulistão, mas se os resultados não viessem nos dois primeiros grandes jogos do ano a cobrança externa (e possivelmente interna) seria forte.
No primeiro dérbi, em 30 de janeiro, o tricolor venceu pela primeira vez o alvinegro na Neo Química Arena (2 x 1); no segundo, em 4 de fevereiro, superou o alviverde nos pênaltis (após o 0 x 0), no Mineirão, para vencer pela primeira vez a Supercopa do Brasil. Marcelo Braga (ge) resumiu bem o momento: «semana perfeita».
Os três próximos grandes jogos do São Paulo serão no Morumbi: em 14 de fevereiro, contra o Santos; em 17 de fevereiro, contra o Bragantino; e em 3 de março, contra o Palmeiras. Vê-se, portanto, que as perspectivas são boas para a obtenção de mais vitórias de prestígio até o fim da fase de grupos deste Campeonato Paulista.
Se tudo der certo, em abril chegará a hora da verdade para Thiago Carpini na busca de seu primeiro grande troféu como técnico. Levar o São Paulo ao topo no Paulistão tornará a equipe boa candidata a glórias maiores em 2024; acima de tudo, reforçará a impressão de que o ex-Água Santa é hoje o comandante ideal para o clube da fé.