Enquanto o Napoli conta com Lobotka e Anguissa, a Juventus conta com Rabiot, a Udinese com Pereyra, e o Lecce com Hjulmand.
[Traduzido e adaptado de «Serie A: i migliori 5 centrocampisti del campionato».]
A pausa de março no Campeonato Italiano 2022–23, para a disputa dos primeiros jogos de seleções no ano, deu-nos a oportunidade de observar quais os meio-campistas mais se destacaram nas 27 rodadas (de um total de 38) realizadas até aquele momento. O critério adotado foram as médias de avaliações dos principais jornais do país.
Veremos que não há surpresas no ranking; os desempenhos dos atletas estão à vista de todos. Era praticamente inevitável que a superioridade absoluta do Napoli se refletisse também nesta lista. Mas não deixaram de brilhar elementos pertencentes a outras equipes — e nem todas elas estavam na metade de cima da classificação do campeonato.
Se a temporada do Napoli beira a perfeição, parte do crédito vai para esse excelente meio-campista. Muitos duvidavam do talento de Lobotka quando de sua chegada à Itália, em 2020, e não contribuiu muito para mudar essa impressão o fato de o então treinador dos partenopei, Gennaro Gattuso, quase não ter utilizado o eslovaco — que, além disso, não parecia estar em perfeitas condições físicas. Tudo mudou em 2021, quando Luciano Spalletti assumiu como o novo comandante da equipe. Lobotka tornou-se cada vez mais uma peça-chave no seu mecanismo de jogo, tanto que nas 27 primeiras rodadas de 2022–23 foi titular 25 vezes (sendo suplente utilizado nas outras duas).
Não o peça para fazer gols; não é esse o seu trabalho. Nesta temporada de recordes para os da Campânia, Lobotka chegou às redes adversárias apenas uma vez — ainda na primeira rodada, em agosto. Tal carência é compensada com qualidades extraordinárias. Nas 27 rodadas realizadas antes da Data FIFA, este homem nascido na cidade de Trenčín há 28 anos tinha médias de 94% em precisão de passes e de 65% em vitórias em duelos individuais. Além disso, ele é um jogador com poucas faltas. Foram dezenove cometidas (um número pequeno considerando as suas funções em campo), e apenas um cartão amarelo recebido. Em suma, eis Lobotka. Uma das garantias mais importantes para Spalletti rumo ao scudetto.
Mantemo-nos nas encostas do Vesúvio para falar de outro jogador que, tendo chegado sem alarde, soube conquistar os holofotes. André-Frank Zambo Anguissa acumulou diferentes passagens de pouco relevo na carreira mesmo com todo o conceito que tinha desde muito jovem. Após se firmar na França, onde defendeu o Olympique de Marseille entre 2015 e 2018, o camaronês foi para a Inglaterra, mas encontrou dificuldades para ganhar espaço no Fulham. Então ele teve uma experiência na Espanha, pelo Villarreal, antes de retornar ao clube londrino.
Em 2021 o Napoli o tomou emprestado com o direito de adquirir o seu passe, direito esse que foi exercido quase que apenas com o intuito de completar o elenco para 2022. Mas logo percebeu-se a importância do meio-campista nascido na capital de Camarões, Yaoundé, há 27 anos. Vestindo a camisa dos azzurri, Anguissa encontrou a consagração definitiva. Em 27 partidas foram 2.107 minutos em campo, com 88% em precisão de passes e uma técnica até insuspeita se levarmos em conta as suas características de jogo. Nesse período ele marcou dois gols e deu três assistências.
A Serie A 2022–23 após as 15 primeiras rodadas
Jogos de terça pelo Campeonato Italiano
Prévia da Rodada 25 da Serie A italiana
Capitão com apenas 23 anos, Morten Hjulmand chegou ao Lecce em 2021, e gradualmente conquistou a todos. É difícil imaginá-lo no clube da Apúlia por muito mais tempo. Clubes tanto italianos quanto estrangeiros inevitavelmente porão seus olhos nele ao ver o quanto a temporada atual foi importante para o meio-campista dinamarquês. Antes da pausa de março ele registrava 25 presenças na Serie A 2022–23 (ainda que em tais jogos não tenha anotado nenhum gol).
Os principais dotes deste atleta nascido na cidade de Kastrup há 23 anos não estão relacionados ao acercamento à área adversária. Transcorrida mais da metade do campeonato, foram apenas sete finalizações de sua parte (e apenas uma delas na direção da meta). Hjulmand é, isto sim, um meio-campista sólido, daqueles bons em interdições e que ama fazer o simples — vide os seus 78% de passes certos. De negativo observamos seus sete cartões amarelos (ainda que isso seja de esperar pelo papel que desempenha).
«Com a cabeça que tenho hoje, eu ainda estaria na Juve». Essa foi a cândida admissão de Roberto Pereyra no ano passado, não muito antes de completar 32 anos. Este argentino de San Miguel de Tucumán permaneceu apenas duas temporadas na velha senhora, e em 2016 optou por buscar uma aventura na Premier League com o Watford. A sua carreira tomou um rumo diferente em 2020, com a Udinese salvando-o do anonimato ao trazê-lo de volta à Itália.
Com o tempo, «el tucumano» reconstruiu sua credibilidade, tanto que hoje é um pivô fundamental para a equipe da região de Friul-Veneza Júlia ao ser empregado tanto como meio-campista quanto como ponta-direita. Após as suas primeiras 24 partidas na atual liga italiana ele tinha quatro gols marcados e cinco assistências dadas. À sua frente vislumbra-se um futuro que, ainda que não mais «verde», pode levá-lo novamente a um clube de topo. A Internazionale o quer.
Foram precisos três anos para vermos o verdadeiro Adrien Rabiot, nascido há 28 anos na França, em campo. O «cavalo louco» da Juventus demorou para se estabelecer em Turim e na Serie A, mas desde então tornou-se imprescindível para o técnico Massimiliano Allegri. Evidência disso são os seus nove gols (sete na liga italiana) na temporada 2022–23 antes do fim de março. Quando Allegri disse que via este nativo de Saint-Maurice alcançar os dois dígitos em gols marcados, muitos torceram o nariz. Agora os bianconeri, que no verão passado queriam enviar Rabiot ao Manchester United, tremem diante das pequenas probabilidades de renovação de seu contrato — a expirar no próximo 30 de junho.