Neymar, Benzema e Firmino são apenas alguns dos vários nomes de peso que tomaram o rumo da Liga Saudita desde a chegada de Cristiano Ronaldo.
[Traduzido e adaptado de «Fichajes: Las estrellas que se han marchado a Arabia Saudí».]
O mundo do futebol viveu um antes e um depois deste verão no Hemisfério Norte. Muitas e muitas estrelas deixaram alguma grande liga europeia para atuar na Liga Saudita. Após tentativas menos bem-sucedidas por parte de China, Japão e Estados Unidos, os árabes tornaram-se a principal alternativa para tais jogadores fora do Velho Continente (apesar das idas de Lionel Messi, Sergio Busquets e Jordi Alba para o Inter Miami).
Desde 2018 vem-se observando mudança de tendência nas contratações por parte de clubes sauditas, visto que a qualidade dos reforços passou a ser notável. Da Inglaterra, por exemplo, vieram o nigeriano Ahmed Musa (que trocou o Leicester pelo Al-Nassr) e o holandês-marroquino Nordin Amrabat (que trocou o Watford pelo Al-Nassr)
De Portugal vieram o peruano André Carrillo (trocou o Benfica pelo Al-Hilal) e o argentino Luciano Vietto (trocou o Sporting pelo Al-Hilal). Também merece ser mencionado o nigeriano Odion Ighalo, que, vindo da China (trocou o Shanghai Shenhua pelo Al-Shabab), foi o artilheiro da Liga Saudita logo em sua primeira temporada.
Tudo isso foi só o prenúncio do que se viu em 1.º de janeiro de 2023, quando o Al-Nassr oficializou a contratação de Cristiano Ronaldo. Após encerrar sua segunda passagem pelo Manchester United e prestes a completar 38 anos, o português —cinco vezes eleito o melhor do mundo— se tornaria o futebolista mais bem pago de todos.
Sua chegada mostrou-se insuficiente para os cavaleiros do Négede conquistarem o Campeonato Saudita. Por outro lado, no último 12 de agosto o global do recém-chegado técnico Luís Castro venceu a Copa dos Campeões Árabes (o primeiro título internacional desde 1998) e teve Cristiano Ronaldo como o artilheiro do torneio (6 gols).
Neste verão, o clube gastou mais de 175 milhões de dólares pelos seguintes jogadores: o croata Marcelo Brozovic (Internazionale), o marfinense Seko Fofana (Lens), o brasileiro Alex Telles (Manchester United), o senegalês Sadio Mané (Bayern de Munique), o luso-brasileiro Otávio (Porto) e o franco-espanhol Aymeric Laporte (Manchester City).
Com a ida de Cristiano Ronaldo ao Al-Nassr, o Al-Hilal buscou reassumir o protagonista entre os quatro grandes do país. O maior campeão da Liga Saudita (dezoito conquistas, o dobro do segundo colocado) trouxe de volta o português Jorge Jesus para ser seu treinador e gastou mais de 380 milhões de dólares em contratações de atletas.
O principal gasto dos azuis e brancos de Riade foi com o brasileiro Neymar, trazido do Paris Saint-Germain por mais de 98 milhões de dólares. A segunda maior compra foi a de outro brasileiro, Malcom, o qual os sauditas tiraram do Zenit por 66,5 milhões. Pelo português Rúben Neves, o valor pago ao Wolverhampton foi de 60 milhões.
Eis os demais estrangeiros contratados nesta janela de mercado: o senegalês Kalidou Koulibaly (Chelsea), o sérvio Sergej Milinkovic-Savic (Lazio), o marroquino Yassine Bounou (Sevilla) e o sérvio Aleksandar Mitrovic (Fulham). A lista de recém-chegados termina (por enquanto) com um saudita, Hassan Al-Tambakti (Al-Shabab).
Na última temporada viu-se o Al-Ittihad conquistar a sua primeira Liga Saudita desde 2008–09. A equipe teve no marroquino Abderrazak Hamdallah o artilheiro do torneio (21 gols) e quatro brasileiros entre seus principais nomes: Marcelo Grohe, Bruno Henrique (que se transferiu para o Internacional), Igor Coronado e Romarinho.
Os gastos dos tigres neste mercado de transferências foi de algo mais que 85 milhões dólares. Se este valor parece modesto em comparação com o de seus principais rivais, notemos que três atletas vieram a custo zero: os franceses Karim Benzema (Real Madrid) e N’Golo Kanté (Chelsea) e o saudita Sultan Al-Farhan (Al-Raed).
Pela compra do brasileiro Fabinho (Liverpool), os aurinegros de Gidá desembolsaram 51 milhões, e pela compra do português Jota (Celtic) foram quase 32 milhões. Essa lista de reforços recentes fecha com dois sauditas vindos de clubes locais: Zakaria Hawsawi (Ohod), por 1,2 milhão; e Saleh Al-Amri (Abha), por 2,1 milhões.
Na última temporada, o Al-Ahli disputou pela primeira vez na história a segunda divisão. Em seu retorno à elite, a realeza investiu forte. Antes que se anunciasse anteontem a vinda do espanhol Gabri Veiga (Celta de Vigo) por quase 40 milhões de dólares, o valor gasto para contratar jogadores já superava os 150 milhões.
Da Premier League chegaram quatro atletas: o senegalês Édouard Mendy (Chelsea), o brasileiro Roberto Firmino (Liverpool), o argelino Riyad Mahrez (Manchester City) e o francês Allan Saint-Maximin (Newcastle). Firmino chegou a custo zero, mas os outros três custaram aos alviverdes de Gidá um total de 88 milhões.
Outros três estrangeiros chegaram para reforçar a equipe comandada pelo alemão Matthias Jaissle: o marfinense Franck Kessié (Barcelona), o brasileiro Roger Ibañez (Roma) e o turco Merih Demiral (Atalanta). Dos quatro nativos recém-contratados, o único que requereu investimento foi Bassam Al-Hurayji (Al-Batin).
Al-Ahli, Al-Hilal, Al-Ittihad e Al-Nassr são os tradicionais quatro grandes do país. O dinheiro de que dispõem para realizar contratações vem do Fundo Soberano da Arábia Saudita, que alguns meses atrás adquiriu 75% de cada um.
Os outros quatorze participantes da primeira divisão saudita nesta temporada estão, por assim dizer, por conta própria. Ainda assim, também alguns deles realizaram transações de considerável visibilidade nos últimos meses.
Desses de menor poder aquisitivo o que mais chamou a atenção foi o Al-Ettifaq, por ter trazido o francês Moussa Dembélé (Lyon) e o inglês Jordan Henderson (Liverpool). E o Al-Shabab trouxe o senegalês Habib Diallo (Strasbourg).
Enquanto o mercado de verão das grandes ligas europeias fecha no dia 1 de setembro, o mercado de transferências da Liga Profissional Saudita fecha apenas no dia 20. É tempo de sobra para mais algumas contratações de peso.