A despeito do ótimo início no Paulistão, o «peixe» não esquece qual é o principal objetivo da temporada.
Em 2024 o Santos disputará pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. Além da perda de receita por não mais integrar a elite do futebol nacional, o alvinegro praiano tampouco participará da Copa do Brasil nesta temporada.
O recém-eleito presidente Marcelo Teixeira (em seu terceiro mandato) foi capaz de montar um elenco competitivo para o Campeonato Paulista. Mas só a partir de abril perceberemos se o grupo é forte para voltar à Série A sem dramas.
Nos últimos meses o Santos vendeu o volante Jean Lucas, o meia Gabriel Pirani e o centroavante Marcos Leonardo e emprestou o ponta venezuelano Yeferson Soteldo. Pode-se até mencionar razões disciplinares para uma ou mais dessas saídas, mas em todos os casos falou mais alto a necessidade de poupar e gerar renda.
Financeiramente os negócios foram mesmo vantajosos: o Bahia pagou 32 milhões de reais por Jean Lucas, o D.C. United cerca de 6,3 milhões por Pirani (que já estava no clube americano por empréstimo) e o Benfica cerca de 96,3 milhões por Marcos Leonardo. E o Grêmio pagará a maior parte do salário de Soteldo.
Alguns remanescentes provavelmente também teriam ido embora se não tivessem aceitado redução salarial. Nesse grupo destacamos o goleiro João Paulo, o volante venezuelano Tomás Rincón e o centroavante argentino Julio Furch, mas também vale citar o zagueiro Messias e o centroavante colombiano Alfredo Morelos.
Quem não teve o salário reduzido foi o zagueiro Joaquim, e mesmo essa exceção é compreensível. Apesar de já contar com 25 anos, o ex-Cuiabá encontra-se bastante valorizado e apresenta perspectivas de ser vendido no inverno por um valor superior aos 3 milhões de euros que o alvinegro pagou ao auriverde doze meses atrás.
O Santos terminou 2023 sob o comando do ex-interino Marcelo Fernandes. Em 19 de dezembro anunciou-se Fábio Carille, que treinou o clube da Vila Belmiro entre 2021 e 2022. Seus títulos como treinador foram todos pelo Corinthians: três Campeonatos Paulistas (2017–19) e um Campeonato Brasileiro (2017).
Conhecido por priorizar um sistema defensivo forte, Carille foi tido como escolha inusitada em sua primeira passagem pelo peixe (cuja cultura é de futebol alegre e ofensivo). Hoje, ele parece o nome ideal no processo de reestruturação de um clube que na última Série A sofreu 64 gols em 38 rodadas (média de 1,68).
Apesar das limitações financeiras, o Santos trouxe mais de dez reforços para 2024. Os mais importantes foram dois atletas experientes que disputaram a temporada passada pelo Corinthians: o zagueiro Gil, de 36 anos, e o meia Giuliano, de 33. Ambos foram pedidos de Carille à diretoria do alvinegro praiano.
Outros três reforços tiveram passagem pelo alvinegro paulistano: o meia/atacante venezuelano Rómulo Otero, o meia/atacante equatoriano Juan Cazares e o atacante Willian Bigode. De notar que mesmo esses muito conhecidos recém-chegados só vieram porque aceitaram o teto salarial de R$ 350 mil.
Ao que tudo indica, neste momento o time-base de Carille é este: João Paulo; Aderlan, Joaquim, Gil e Felipe Jonatan; João Schmidt, Giuliano e Diego Pituca; Rómulo Otero, Julio Furch e Guilherme Augusto. Não é um onze dos mais imponentes para uma Série A de Campeonato Brasileiro, mas e quanto à Série B?
O alvinegro praiano será um dos sete clubes do estado de São Paulo na Segunda Divisão de 2024. Eis os demais: Botafogo de Ribeirão Preto, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino e Ponte Preta. Além de importante em si, o Campeonato Paulista é um laboratório para o torneio que começa em abril.
Foi bom o desempenho contra duas das equipes supracitadas: 1 x 0 sobre o Botafogo (fora) e 3 x 1 sobre a Ponte Preta (casa). Hoje o Santos recebe o Guarani, em 11 de fevereiro visita o Mirassol e em 18 de fevereiro recebe o Novorizontino. Não haverá jogo contra o Ituano (pelo menos não na fase de grupos).
Reconhecemos ser precipitado perguntar no início de fevereiro se o Santos já está pronto para a Série B. E isso tanto porque ainda faltam mais de dois meses para o início do campeonato como porque ainda falta mais de um mês para o fechamento da primeira janela de transferências do ano.
Mas, mesmo que não chegue mais nenhum provável titular até 7 de março, o peixe conta com um time-base e uma estrutura tática bem definidos. O elenco não é o dos sonhos do torcedor, mas tanto os atletas que permaneceram quanto os que chegaram parecem comprometidos com o retorno à elite.