O que Portugal tem a definir até a Eurocopa

Com 100% de aproveitamento em 2023, os lusos realizam os ajustes finais para a reconquista da Europa.

Em dezembro do ano passado chegou ao fim a era Fernando Santos no comando de Portugal. Após oito anos e os títulos da Euro 2016 e da Liga das Nações 2018–19, o ex-engenheiro se despediu da seleção das quinas em baixa devido à derrota por 1 x 0 para o Marrocos, em Doha, pelas quartas de final de Catar 2022.

Em janeiro a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou o sucessor de Santos: o espanhol Roberto Martínez. Este comandou a Bélgica por seis anos, e levou os diabos vermelhos às semifinais de Rússia 2018; mas também ele estava em baixa, pois não passou sequer da fase de grupos na mais recente Copa do Mundo.

Os dez primeiros meses

Em fevereiro, a FPF publicou um vídeo no qual o novo treinador respondia a perguntas feitas por torcedores. Uma delas era se ele preferir ganhar jogos por 1 x 0 ou por 5 x 4. Martínez disse que lhe agradava ver sua equipe no ataque, de modo que um 5 x 4 era melhor que um 1 x 0.

O desempenho de Portugal nas Eliminatórias da Euro 2024 não deixa dúvidas quanto à vocação ofensiva desta seleção das quinas, que em oito rodadas marcou 32 vezes (4,00 por jogo). Mas também o desempenho defensivo impressiona, pois foram apenas 2 gols sofridos (0,25 por jogo).

Considerando o nível dos adversários de Martínez e companhia (Bósnia e Herzegovina, Eslováquia, Islândia, Liechtenstein e Luxemburgo), é compreensível que os ótimos resultados não tenham isentado o atual comandante de críticas devido a algumas atuações pouco convincentes.

Os próximos sete meses

De qualquer maneira, com a classificação obtida já em outubro (com três rodadas de antecedência, o que não é comum para Portugal), este catalão de 50 anos hoje já foca em realizar os últimos ajustes para o torneio a ser realizado entre 14 de junho e 14 de julho do ano que vem na Alemanha.

De que ajustes estamos falando? Ainda em setembro, Martínez deu uma pista do que priorizaria a partir de então: «É importante para mim conhecer melhor os jogadores e aquilo que podemos fazer para melhorar a flexibilidade tática». É desses dois aspectos que trataremos a seguir.

Jogadores

Uma possível maneira de entender a expressão «conhecer os jogadores» seria potencializar o núcleo de titulares formado por Diogo Costa, Rúben Dias, João Palhinha, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo.

Mas mesmo entre os suplentes há vários nomes certos. O jornal Record publicou no dia 15 de outubro uma matéria sobre os «20 intocáveis», isto é, aqueles que estiveram nas quatro convocações até então. segue a lista.

Agora devemos levar em conta o seguinte: diferentemente da última Copa do Mundo, em que cada seleção pôde levar até 26 jogadores, na próxima Eurocopa cada uma levará até 23. Restariam, portanto, apenas três vagas a serem preenchidas por Portugal.

O jornalista que escreveu a matéria do Record, André Zeferino, realçou que as dúvidas na defesa eram por razões físicas. Se não estiverem lesionados, o zagueiro Pepe e os laterais-esquerdos Raphaël Guerreiro e Nuno Mendes têm boas chances de ir à Euro.

Para o meio de campo foram citados como opções João Neves (de perfil defensivo), Renato Sanches (defensivo/ofensivo), Matheus Nunes e Pedro «Pote» Gonçalves (ofensivos). Quanto à baliza e ao ataque, Zeferino opinou que não haveria mais vagas a preencher.

Pelo que se viu dois dias atrás, quando foi anunciada a quinta e última convocação de 2023, a lista não está tão fechada assim. Martínez não só voltou a chamar o lateral-direito Nélson Semedo e o zagueiro Toti Gomes como pela primeira vez chamou o ponta Bruma.

O espanhol também mencionou atletas que, embora nunca tenham integrado uma lista sua, estão no radar para 2024: João Mário (lateral/ala direita), Nuno Santos (lateral/ala esquerda), William Carvalho (meio de campo), Francisco Trincão e Galeno (ataque).

Tática

Consideremos brevemente o que o treinador catalão quis dizer com «melhorar a flexibilidade tática» dos lusos.

Em primeiro lugar realçamos a polivalência de diversos dos «intocáveis»: João Cancelo e Diogo Dalot podem jogar em ambas as laterais, Danilo Pereira pode jogar como zagueiro ou como volante, Bernardo Silva, Rafael Leão e João Félix podem jogar como meias ou como atacantes.

Por isso mesmo, Martínez utilizou diferentes esquemas táticos. A preferência parece ser por três zagueiros, mas já vimos a equipe alinhar com quatro na defesa; a tendência é vermos Portugal com um único centroavante, mas já vimos a seleção das quinas jogar com dois.

De tudo isso a conclusão é que o esquema preferido tende a ser o 3-4-3, mas também o 3-5-2, o 4-3-3 e o 4-4-2 são opções.

Um onze de respeito

Considerando as escolhas de Martínez tanto em termos de jogadores quanto de esquema tático, hoje o time titular parece ser o seguinte:

    Diogo Costa;
    Danilo Pereira, Rúben Dias e António Silva/Gonçalo Inácio;
    João Cancelo, João Palhinha, Bruno Fernandes e Diogo Dalot;
    Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão/João Félix.

Há duas questões incômodas em relação a esse suposto onze ideal: as indefinições na zaga (onde apenas Rúben Dias é um nome indiscutível) e a falta de opções para a lateral/ala esquerda (pois tanto Cancelo quanto Dalot atuam preferencialmente pela direita).

De resto, sobram opções. Quantos outros técnicos relacionam habitualmente entre os reservas jogadores do nível de Otávio, Vitinha e Gonçalo Ramos? Pois é o que se vê no Portugal de Roberto Martínez —uma seleção que chegará forte à Euro 2024—.

bet365 News Team

• seleção de Portugal
• • 
  •