Com um onze ideal quase definido, a «albiceleste» se prepara para seus dois maiores desafios desde Catar 2022.
Em 18 de dezembro do ano passado, a Argentina derrotou a França nos pênaltis para conquistar pela terceira vez a Copa do Mundo. Desde então quase nada mudou no time ideal de Lionel Scaloni, e os ótimos resultados obtidos em 2023 dão ao treinador albiceleste maior tranquilidade para planejar os próximos anos sem precisar recomeçar do zero.
De interino a incontestável
Em julho de 2018, após a queda nas oitavas de final da Copa do Mundo, a AFA (Asociación del Fútbol Argentino) anunciou que Jorge Sampaoli não mais seria o seu técnico. Face à dificuldade em acertar com um treinador renomado, em agosto a associação anunciou que o ex-lateral-direito Lionel Scaloni ocuparia interinamente o cargo.
Em novembro, após seis amistosos, o então treinador da seleção sub-20 foi efetivado no comando da seleção principal. No ano seguinte, com o terceiro lugar na Copa América, não faltou quem pedisse a sua demissão; mas a conquista desse mesmo torneio dois anos depois acabou com as dúvidas quanto à sua permanência até Catar 2022.
As mudanças feitas até o tri
A Copa América de 2021 representou o fim de um jejum de 28 anos sem títulos por parte da albiceleste. E também facilitou no processo de definição de um time-base. em janeiro do ano passado o jornalista Alexandre Lozetti (ge) observou que, entre os principais candidatos ao título no Mundial de Seleções que seria realizado entre novembro e dezembro, a Argentina era o que tinha o onze ideal mais consolidado:
Emiliano Martínez;
N. Molina, C. Romero, N. Otamendi e M. Acuña;
Á. Di María, R. de Paul, L. Paredes e G. Lo Celso;
Lionel Messi e Lautaro Martínez.
É evidente que numa seleção como a argentina, em que não faltam atletas de bom nível, poucos são os jogadores que poderiam ser considerados titulares indiscutíveis. E Scaloni sempre deixou aberta a possibilidade de algum suplente vir a se tornar uma das peças-chave.
Para Catar 2022, o time necessariamente seria diferente porque o meio-campista Giovani Lo Celso se lesionou e ficou fora da lista final de convocados. Mas a escalação da Argentina na estreia da Copa do Mundo, em 22 de novembro, nos mostra mudança também na lateral esquerda:
Emiliano Martínez;
N. Molina, C. Romero, N. Otamendi e N. Tagliafico;
Á. Di María, R. de Paul, L. Paredes e P. Gómez;
Lionel Messi e Lautaro Martínez.
Naquele dia os brancos e celestes perderam por 2 x 1 (de virada) para a Arábia Saudita, e dali até o fim do torneio Scaloni não parou de realizar mudanças até encontrar a melhor formação. Foi com o seguinte onze inicial que os nossos «hermanos» enfrentaram a França na final:
Emiliano Martínez;
N. Molina, C. Romero, N. Otamendi e N. Tagliafico;
Rodrigo de Paul, Enzo Fernández e Alexis Mac Allister;
Lionel Messi, Julián Álvarez e Ángel Di María.
Dez meses após a conquista do tricampeonato mundial, o que mudou na albiceleste? E, tão importante quanto isso, o que pode mudar?
Alternativas ao time-base
Scaloni segue priorizando a definição de um time-base para só depois realizar experiências mais drásticas. Nos últimos jogos, Julián Álvarez (Manchester City) e Lautaro Martínez (Internazionale) têm alternado no papel de principal referência ofensiva; de resto, em condições ideais os titulares são os mesmos da final da última Copa do Mundo.
Mas, como dissemos, o time não está jamais «cristalizado». Marcos Acuña (Sevilla) pode muito bem voltar a ser o lateral-esquerdo em vez de Nicolás Tagliafico (Lyon). E tanto Leandro Paredes (Roma) quanto Guido Rodríguez (Betis) estão de prontidão caso Alexis Mac Allister (Liverpool) ou Enzo Fernández (Chelsea) caiam de rendimento.
Existe ainda a questão da idade. Nicolás Otamendi (Benfica), o «xerife» da defesa, está com 35 anos. Seguirá ele em boa forma até o Mundial de 2026? caso nenhum outro defensor argentino se firme nos próximos anos, não se pode desconsiderar a possibilidade de Germán Pezzella (Betis) formar a dupla de zaga com Cristian Romero (Tottenham).
No ataque veremos uma mudança em breve. Ángel Di María (Benfica) está com 35 anos e já anunciou que encerrará seu ciclo na seleção após a Copa América 2024. Por isso, Nicolás González (Fiorentina) já é praticamente um 12.º titular. Quanto a Lionel Messi (Inter Miami), que já está com 36 anos, até aqui só o que temos são conjecturas.
Em time que está ganhando. . .
O retrospecto da Argentina neste ano é de oito vitórias em oito jogos, vinte gols marcados e zero (!) sofrido. As quatro primeiras partidas foram amistosos (contra adversários pouco expressivos, exceto pela Austrália), mas as quatro últimas foram já pelas Eliminatórias da Conmebol.
Será também pelo torneio qualificatório para o Mundial de Seleções a ser realizado na América do Norte que a albiceleste realizará seus últimos compromissos em 2023: no dia 16 de novembro, recepção ao Uruguai em Buenos Aires; cinco dias depois, visita ao Brasil no Rio de Janeiro.
O nível de dificuldade de tais jogos os torna pouco propícios a inovações radicais. Se nenhum de seus atletas mais importantes se lesionar nas próximas semanas, Scaloni (e boa parte da torcida argentina) tem de cabeça quase toda a escalação para enfrentar a celeste e a canarinho.
Só uma dúvida persiste: Álvarez ou Martínez?