Lionel Messi surpreendeu o mundo do futebol no início de junho ao confirmar que se transferiria para o Inter Miami, da Major League Soccer.
[Traduzido e adaptado de «What can Lionel Messi bring to Inter Miami?»]
O craque da seleção argentina, que liderou a albiceleste na conquista da Copa do Mundo realizada no fim de 2022, é tido por muitos fãs de futebol nascidos fora do Brasil como sendo maior inclusive que Pelé.
Sua chegada à Major League Soccer (MLS) é provavelmente a maior transferência da história da competição. É sem dúvida a maior desde 2007, quando o inglês David Beckham se transferiu ao LA Galaxy.
Tendo vencido tudo o que tinha para vencer tanto coletiva quanto individualmente —incluindo um recorde de sete prêmios de Melhor do Mundo pela FIFA—, «la pulga» dá início oficialmente à sua trajetória na MLS neste mês.
A pergunta que todos nos fazemos neste momento é Conseguirá Lionel Messi fazer tanto sucesso dentro de campo nos Estados Unidos quanto certamente fará fora dele?.
Messi passou 21 anos no Barcelona, a maioria deles bem-sucedidos. Esperava-se que o argentino terminasse a carreira na Catalunha antes de sua decisão de partir para o Paris Saint-Germain em 2021.
As duas temporadas que esse craque, hoje com 36 anos, passou em Paris tiveram seus altos e baixos. Embora tenha ajudado os rouges et bleus a conquistar duas edições da Ligue 1, ele foi incapaz de conduzi-los à tão almejada Liga dos Campeões da UEFA.
Sua despedida do PSG foi confirmada em primeira mão pelo próprio técnico do clube naquele momento, Christophe Galtier. A partir de então citaram-se o Barcelona e os sauditas do Al-Hilal como possíveis destinos de Messi.
Em 7 de junho, porém, o argentino anunciou que iria para o Inter Miami. Há poucos dias, um dos donos do clube americano, Jorge Mas, disse em entrevista ao jornal espanhol El País que Messi receberia algo entre 50 e 60 milhões de dólares anuais.
É justo dizer que essa transferência é a maior jogada da história da MLS. Lembremos que ela foi fundada apenas em 1993. Nos anos 1970, Pelé chegou ao New York Cosmos para atuar pela extinta North American Soccer League (NASL).
No que se refere à principal liga americana das últimas décadas, a única transferência que chegou perto de igualar a repercussão causada pela chegada de Messi foi a de David Beckham. Há dezesseis anos, o inglês trocava o Real Madrid pelo LA Galaxy.
Outras transferências de impacto, ainda que bem menor que as de Messi e de Beckham, foram a do brasileiro Kaká para o Orlando City (2014), a do sueco Zlatan Ibrahimović para o LA Galaxy (2018) e a do inglês Wayne Rooney para o D.C. United (2018).
Beckham é o presidente e um dos três proprietários do Inter Miami (o outro é Jose Mas, irmão de Jorge), e isso provavelmente foi determinante para a decisão de Messi de se mudar para a equipe que manda seus jogos no estádio DRV PNK.
Em toda a sua carreira no futebol de clubes, seja pelo Barcelona seja pelo Paris Saint-Germain, Messi se acostumou a fazer parte de esquadrões que disputavam —e não raro conquistavam— grandes troféus.
Ele se deparará com uma situação completamente diferente no Inter Miami. Seu novo clube é o último colocado dos quinze que integram a Conferência Leste da MLS. Em 21 partidas foram cinco vitórias, três empates e treze derrotas (0,86 ponto por jogo).
Se considerarmos também a Conferência Oeste, apenas uma equipe faz campanha pior que os de Fort Lauderdale (cidade localizada a 48 km de Miami): os Colorado Rapids, com três vitórias, oito empates e dez derrotas (0,81 ponto por jogo).
A chegada do lendário argentino sem dúvida fará muito para ajudar o Inter Miami na luta por uma das nove vagas nos play-offs. Mas as possibilidades de título são muito pequenas, visto que os Herons estão cotados em 51,00 nesse mercado.
Ciente de que trazer apenas Messi não bastaria, os da Flórida contrataram um ex-colega seu no Barcelona: o meio-campista Sergio Busquets. Especula-se que também o zagueiro espanhol Sergio Ramos, ex-colega da «pulga» no PSG, pode chegar.
Se é certo que Messi trará grandes benefícios extra-campo tanto ao Inter Miami quanto à MLS, tampouco se deve ignorar o que este atacante de 35 anos tem a oferecer dentro das quatro linhas. Estamos falando do melhor jogador de Catar 2022.
No momento é ele o favorito para receber o Ballon d’or, da revista francesa France Football (um prêmio que já venceu por inigualadas sete vezes). Messi está cotado em 1,20, enquanto o atacante norueguês Erling Haaland está cotado em 4,75.
Têm faltado gols e criatividade ao Inter Miami ao longo da temporada 2023. A equipe chegou às redes adversárias 22 vezes (média de 1,05 por jogo), seis delas por intermédio do atacante venezuelano Josef Martínez.
Messi anotou impressionantes 807 gols em 1028 partidas por clubes ou pela seleção. É razoável presumir que ele melhorará o ataque pouco produtivo do Inter Miami — e as outras 28 equipes da MLS estarão obviamente atentas a essa possibilidade.
«La pulga» fez sua última partida pelo PSG em 3 de junho (derrota em casa por 3 x 2 para o Clermont). Mas a última vez que entrou em campo foi em 15 de junho, quando marcou o primeiro gol da vitória da Argentina por 2 x 0 sobre a Austrália em Pequim.
Ainda no mês passado, Jorge Mas revelou que a estreia de Messi por seu novo clube está marcada para 21 de julho, no estádio DRV PNK. O adversário será o Cruz Azul, do México, pela primeira rodada da Leagues Cup.
Pela segunda rodada dessa competição, o Inter Miami enfrenta em 25 de julho, também em casa, o Atlanta United. Será preciso esperar até 20 de agosto para (talvez) acompanhar a estreia de Messi na MLS. Nesse dia os Herons recebem o Charlotte.