Os resultados obtidos pelos nipônicos em 2023 justificam o seu estatuto de favoritos à conquista da Copa Asiática.
Neste século, nenhuma seleção asiática tem sido tão consistente quanto o Japão. Além disso, hoje os samurais azuis são muito mais do que uma potência da AFC; como veremos a partir de agora, eles parecem aptos para seguir enfrentando de igual para igual algumas das principais seleções do mundo.
Resultados animadores
O Japão estreou na Copa Asiática em 1988, quando já tinham-se realizado oito edições desse torneio. É surpreendente, portanto, que sejam os nipônicos os líderes isolados em títulos (quatro). Convém notar também que eles foram no mínimo semifinalistas nas últimas cinco edições com exceção da penúltima, a de 2015.
Na edição passada, a de 2019, os samurais azuis caíram na final perante o Catar. Àquela altura o seu treinador já era o ex-meio-campista Hajime Moriyasu, que sucedeu a Akira Nishino logo após Rússia 2018 (competição em que os representantes da terra do Sol nascente caíram perante a Bélgica nas oitavas de final).
Moriyasu também comandou o Japão tanto na Copa América de 2019 (em que a equipe caiu na fase de grupos) quanto nos Jogos Olímpicos de Tóquio realizados em 2021 (nos quais a seleção sub-23 caiu perante a Espanha na semifinal). Mas seu grande momento até aqui estava reservado para a Copa do Mundo de 2022.
Num grupo em que também havia Alemanha, Espanha e Costa Rica, o Japão contrariou as expectativas (para o bem ou para o mal): derrotou os dois representantes da UEFA e perdeu para os representantes da Concacaf. Tendo terminado em primeiro lugar, a equipe caiu perante a Croácia nas oitavas de final (nos pênaltis).
Um time sem complexos
A campanha no Catar deixou um gosto agridoce na boca dos jogadores, da comissão técnica e dos torcedores. Uma equipe que na fase de grupos obtém os três pontos contra duas das mais fortes seleções europeias deveria chegar pelo menos às quartas de final da competição —fase essa que os japoneses até hoje não alcançaram—.
Mas pelo menos os samurais chegaram a 2023 convictos de que não precisavam temer nenhum time no mundo. E os resultados nos dez jogos que disputaram entre março e novembro do ano passado mostram isso mesmo: após empatar com o Uruguai (1 x 1) e perder para a Colômbia (2 x 1), o Japão conseguiu oito vitórias.
Nessa sequência invicta chama a atenção a quantidade de gols marcados pelos homens de Moriyasu —a média foi de 4,25 por jogo— contra adversários que nem de longe são «galinhas-mortas»: 4 x 1 sobre o Peru, 4 x 1 sobre a Alemanha (partida essa realizada em Wolfsburg), 4 x 2 sobre a Turquia e 4 x 1 sobre o Canadá.
Nos amistosos citados no parágrafo anterior vimos atletas japoneses que atuam nas principais ligas europeias. E não se trata apenas de participar de tais campeonatos: diversos desses jogadores são inegavelmente importantes em seus respectivos clubes. Faz sentido que transportem esse nível de competitividade para a seleção.
Euro-nipônicos
Na Inglaterra encontramos o meio-campista Wataru Endo, que defende o Liverpool. Além de ser o capitão dos azuis (é quem mais vezes vestiu a camisa da seleção no grupo atual), Endo tem sido cada vez mais utilizado também nos Reds de Jürgen Klopp (clube ao qual chegou no último verão europeu após três anos no Stuttgart).
Faz-se importante destacar no mínimo mais um japonês em atuação na Premier League: o ponta Kaoru Mitoma, um dos destaques do Brighton & Hove Albion. Na temporada 2022–23, Mitoma exerceu participação direta em 12% dos gols dos Seagulls no Campeonato Inglês (12/72); na temporada 2023–24, esse índice é de 18% (7/38).
Entre os japoneses na Alemanha destaca-se o zagueiro Ko Itakura, do Borussia Mönchengladbach. Em Catar 2022 ele foi uma das estrelas da primeira fase, e é de lamentar a suspensão que o impediu de enfrentar a Croácia. Nesta temporada Itakura pouco jogou devido a lesão, mas ainda assim foi chamado para a Copa Asiática.
A Espanha é o lar do ponta Takefusa Kubo, que desde a temporada passada é um dos principais nomes da Real Sociedad. De agosto para cá, Kubo marcou seis gols e deu três assistências em LaLiga e parece ter se firmado como um forte candidato à titularidade na seleção (como se viu por sua atuação no recente 5 x 0 sobre a Síria).
Uma análise mais completa nos levaria a fazer muito mais que apenas citar os seguintes atletas: os zagueiros/laterais Takehiro Tomiyasu (Arsenal) e Hiroki Ito (Stuttgart), o meio-campista Hidemasa Morita (Sporting), o meia/atacante Takumi Minamino (Monaco) e os atacantes Junya Ito (Reims) e Ayase Ueda (Feyenoord).
Um futuro brilhante
Exceto por Endo e Ito, todos os atletas citados nos parágrafos anteriores têm menos de 30 anos. Isso mostra que o Japão dispõe de um grupo capaz de brilhar não só na Copa Asiática a ser realizada a partir deste mês no Catar mas também na Copa do Mundo a ser realizada a partir de junho de 2026 nos países da América do Norte.
Mas, como se diz, o ideal é dar um passo de cada vez. Para Moriyasu e seus homens, hoje o foco é confirmar o atual estatuto de principal seleção da AFC. A partir daí, sim, o objetivo será fazer o Japão alcançar no mínimo as tão sonhadas quartas de final de um Mundial da FIFA. Qualidade para isso os samurais têm de sobra.
Retornos excluem o valor de aposta em Créditos de Aposta. São aplicados T&Cs, limites de tempo e exclusões.