Contrariando as expectativas, três jogadores brasileiros ganharam suas primeiras oportunidades na seleção depois de diversos anos como profissionais.
É pouco provável que um futebolista brasileiro com mais de 25 anos seja convocado para a seleção sem um histórico de convocações anteriores.
Abordamos neste texto três atletas que quebraram essa norma no século XXI.
O meia Robert da Silva Almeida havia vencido um Torneio Rio-São Paulo (1997) pelo Santos, uma Copa Sul (1999) e um Campeonato Gaúcho (1999) pelo Grêmio e um Campeonato Mineiro (1999) pelo Atlético-MG antes de voltar ao Peixe em 2000.
Por mais talentoso que fosse esse meia nascido em 1971, naquele fim de século XX poucas pessoas teriam apostado que ele estivesse prestes a viver os melhores momentos da carreira.
Pois foi justamente isso o que se passou na sua segunda passagem pela Vila Belmiro. Tanto foi assim que, em fevereiro de 2001, o então técnico do Brasil, Emerson Leão, o convocou para amistosos contra Estados Unidos e México no mês seguinte.
Àquela altura, Robert já contava com 29 anos. Meses depois, tendo sido eleito um dos melhores meias do Campeonato Paulista (no qua o Santos foi eliminado nas semifinais), foi convocado por Leão para a disputa da Copa das Confederações.
Robert foi um suplente naquele torneio em que a Canarinho terminou em quarto lugar. O técnico que assumiria a seleção logo em seguida, Luiz Felipe Scolari, nunca o convocou.
O volante Ralf de Souza Teles chegou ao Corinthians, vindo do Grêmio Barueri, em fins de 2009. Então sob o comando de Mano Menezes, o Timão tinha grandes expectativas para a disputa da Copa Libertadores de 2010 (justamente o ano do centenário do clube).
Não demorou para que esse atleta nascido em 1984 agradasse e se tornasse titular no Alvinegro do Parque São Jorge. Apesar disso, a equipe foi eliminada pelo Flamengo nas oitavas de final da principal competição entre clubes da Conmebol.
2010 terminaria sem títulos para os paulistas, e 2011 não parecia que seria muito melhor quando, ainda em fevereiro e já sob o comando de Tite, o Corinthians foi eliminado pelo Tolima na primeira fase da Libertadores.
A partir dali o Timão evoluiu (mesmo perdendo a final do Campeonato Paulista para o Santos). Tal evolução contribuiu para que em julho Ralf, então com 27 anos, fosse chamado por Mano Menezes para um amistoso entre Brasil e Alemanha no mês seguinte.
Ao todo, esse meio-campista disputou oito jogos pela seleção. Sua última partida com a pentacampeã mundial foi um amistoso com a Bolívia em abril de 2013.
O atacante Humberlito Borges Teixeira começou a carreira em 2001, no Arapongas, do Paraná. Sua primeira oportunidade em um clube grande se deu em 2007, quando chegou ao São Paulo. Em 2010 transferiu-se para o Grêmio, e no ano seguinte foi para o Santos.
Por já ter disputado a Libertadores de 2011 pelos porto-alegrenses, Borges não participou do tricampeonato sul-americano dos santistas. No Campeonato Brasileiro, por outro lado, esse jogador nascido em 1980 foi um titular indiscutível do técnico Muricy Ramalho.
Tal estatuto se justificou plenamente. Naquela que foi uma das grandes temporadas de sua carreira, Borges terminou como o artilheiro da Série A do Brasileirão: 23 gols em 29 jogos.
Em 22 de setembro (quando ainda faltavam mais de dois meses para o fim do campeonato), seu nome apareceu na lista de convocados por Mano Menezes para um dos jogos contra a Argentina pelo Superclássico das Américas. Borges tinha então 30 anos.
O centroavante do Peixe foi titular, mas não marcou gol naquele encontro vencido pela Verde e Amarela por 2 x 0. Essa foi a sua única partida pelo Brasil.
Ninguém questionaria a qualidade técnica dos três nomes aqui analisados. Por que todos só foram convocados para a seleção com 27 anos ou mais?
A razão mais simples aqui é a concorrência. Os três foram atletas de características ofensivas, e ao longo da história o Brasil quase sempre teve meias e atacantes do mais alto nível internacional.
Afora isso, cada caso é um caso. Robert lidou com sérias questões de ordem emocional antes de mostrar o que dele se esperava. Já Ralf e Borges, por quaisquer que sejam os motivos, passaram por diversos clubes pequenos antes de se projetarem nacionalmente.
Dos exemplos de casos parecidos em outros países, poucos são tão notáveis quanto o do inglês Jamie Vardy. Hoje com 35 anos, este atacante do Leicester City foi chamado pela primeira vez para defender a sua seleção quando já contava com 28 anos.
Que os atletas aqui citados sirvam de inspiração àqueles que se julgam demasiado velhos para alcançar seus objetivos. E que os exemplos de estrelas do futebol de 20 e poucos anos não nos façam negligenciar a importância da persistência para o sucesso profissional.
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