Alguns dos esquadrões mais importantes de cinco dos maiores clubes brasileiros são pouco valorizados nos dias de hoje.
A primeira edição do Campeonato Brasileiro foi realizada apenas em 1959. Por isso, muitas equipes surgidas antes disso raramente são reconhecidas como merecem.
Cinco delas serão relembradas a partir de agora.
Se o Botafogo é hoje conhecido pelo apelido de Glorioso, isso se deve à equipe de futebol que o representou de 1930 a 1935. Nesses anos, o clube de General Severiano conquistou cinco Campeonatos Cariocas e uma Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo.
Foi nessa época que o Alvinegro da Estrela Solitária venceu, pela primeira e única vez na sua história, quatro estaduais seguidos (1932–35). Até hoje, o único outro carioca a conseguir tal façanha foi o Fluminense (1906–09).
Alguns dos destaques daquele time comandado em seus primeiros anos pelo húngaro Nicolas Ladanyi foram o goleiro Pedrosa, o meio-campista Canalli e o atacante Carvalho Leite. Estes e outros seis atletas botafoguenses estiveram com a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1934.
A equipe do Internacional de 1940 a 1948 ficou conhecida como Rolo Compressor. Nesses anos, o clube do Beira-Rio foi campeão gaúcho por oito vezes e tornou-se o primeiro a fazê-lo por seis vezes seguidas.
Essa hegemonia se deve em parte ao fato de que o Inter aceitava jogadores negros desde 1928 — uma política que seu arquirrival, o Grêmio, só passaria a adotar em 1952. É esse o motivo de o Colorado ser tido, no Rio Grande do Sul, como o ''Clube do Povo''.
Alguns dos treinadores daqueles anos foram Rui Azevedo e Souza, o uruguaio Ricardo Díez e o argentino Carlos Volante. Entre os atletas, vale mencionar o zagueiro Alfeu, o ponta-direita Tesourinha (um dos craques da seleção brasileira na época) e o ponta-esquerda Carlitos (o artilheiro histórico do Internacional).
Entre 1943 e 1949, também o São Paulo foi apelidado de Rolo Compressor. Isso porque nesse curto espaço de tempo o Tricolor do Morumbi venceu por cinco vezes o Campeonato Paulista e quatro vezes a Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo.
Aquela era marcou um antes e um depois na história do Clube da Fé. Até então, o São Paulo (fundado na década de 1930) havia sido campeão paulista uma só vez e não parecia capaz de fazer frente a Corinthians e Palmeiras.
Um dos principais responsáveis por essa mudança de statu quo foi o lendário atacante Leônidas da Silva. Outros que brilharam naquele time comandado pelo português Joreca e depois por Vicente Feola foram o zagueiro/meio-campista Ruy, o meio-campista Bauer e o ponta-direita Luizinho.
Foi de 1945 a 1952 que o Vasco apresentou o esquadrão conhecido como Expresso da Vitória. Os principais títulos do Gigante da Colina nesse período foram o Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões e cinco Campeonatos Cariocas.
A conquista do torneio sul-americano, realizado no Chile em 1948, merece atenção especial. Além de ser considerado o precursor da atual Copa Libertadores, este foi o primeiro troféu que uma equipe brasileira (clube ou seleção) venceu no exterior.
Um dos técnicos que o Almirante teve nesse período foi o uruguaio Ondino Viera. Mas o mais marcante foi Flávio Costa, que treinou também o Brasil vice-campeão da Copa do Mundo de 1950. Aquela seleção tinha oito atletas do Vasco, entre eles o goleiro Barbosa, o zagueiro Augusto, o meio-campista Danilo e o atacante Ademir.
Uma das mais impressionantes supremacias do futebol de Minas Gerais foi vista entre 1950 e 1956, quando o Atlético-MG apelidado de Campeão do Gelo venceu o estadual por seis vezes (tendo perdido apenas o de 1951).
A alcunha mencionada no parágrafo anterior surgiu após uma excursão pela Europa em que o Galo disputou — sob condições climáticas bastante adversas — dez jogos contra clubes locais. Venceu seis, empatou dois e perdeu dois.
Dos cinco técnicos que o Alvinegro de Belo Horizonte teve em tais anos, o uruguaio Ricardo Díez e Yustrich tendem a ser os mais lembrados. Quanto aos jogadores, faríamos bem em mencionar o goleiro Kafunga, o zagueiro Afonso Silva, o meio-campista Zé do Monte e o atacante Lucas Miranda.
Na primeira metade do século XX, o grande veículo de comunicação no Brasil foi o rádio. (A TV chegou ao país apenas em 1950.) Até mesmo fotos de jogadores e técnicos dos cinco esquadrões aqui mencionados são escassas.
Para completar, pouquíssimas pessoas ainda vivas têm idade o suficiente para se lembrar daqueles anos. Eis o valor do estudo histórico do futebol brasileiro — cujos grandes feitos, como vimos, vêm de muito antes da primeira conquista de Copa do Mundo, em 1958.
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