Os títulos conquistados pelo Verdão desde 2020 fazem com que a equipe atual rivalize com outros esquadrões lendários do clube.
[Artigo originalmente publicado em 12 de julho de 2022.]
No último dia 16 de junho, o Palmeiras marcou quatro gols em sete minutos sobre o Atlético-GO, venceu o jogo por 4 x 2 e terminou a 12.ª rodada do Campeonato Brasileiro com três pontos de vantagem sobre o então vice-líder Corinthians.
A forma com que aquela vitória foi construída serviu de argumento para que na edição do dia seguinte da newsletter Lance! Espresso — assinada por Fabio Chiorino e Rodrigo Borges — se dissesse que este era ''[o] maior Palmeiras da história''.
Logo em seguida, era feita a seguinte ressalva: ''pelo menos em relação aos resultados alcançados''.
Tal ressalva faz muito sentido. No futebol, por mais vitoriosa que seja uma equipe, ela é sempre julgada quanto à sua capacidade de causar admiração inclusive naqueles que não torcem por ela.
E, até o fim da temporada passada, os muitos títulos conquistados pelo Verdão desde 2020 não escondiam a percepção de que este era um time demasiado pragmático.
Essa situação começou a mudar no primeiro semestre deste ano, graças ao futebol apresentado no Campeonato Paulista e na fase de grupos da Copa Libertadores.
Seria isso o suficiente para deixar o Palmeiras de hoje a par de outros esquadrões históricos do clube também do ponto de vista do espetáculo? É o que veremos a seguir.
Para termos uma perspectiva histórica, vamos abordar brevemente outros quatro períodos de glórias do Alviverde.
Academia I
Nos anos 1960, o Palmeiras não ficou tão atrás do Santos de Pelé, principalmente entre 1965 e 1967: foram dois títulos do Campeonato Brasileiro, um do Campeonato Paulista e um do Torneio Rio-São Paulo.
Naquela equipe que recebeu a alcunha de ''Academia de Futebol'' destacavam-se o goleiro Valdir, o lateral-direito Djalma Santos e os meio-campistas Dudu e Ademir da Guia. Os técnicos campeões foram Filpo Núñez, Mário Travaglini e Aymoré Moreira.
Academia II
Entre 1972 e 1974, veio outro período de quatro conquistas importantes: duas do Campeonato Brasileiro e duas do Campeonato Paulista.
Alguns dos destaques daquele time, conhecido como ''Segunda Academia'', eram o goleiro Leão, o zagueiro Luís Pereira e novamente os meio-campistas Dudu e Ademir da Guia. O técnico era Osvaldo Brandão.
Parmalat I
Entre 1993 e 1994 — após dezessete anos sem um único título —, o clube foi campeão cinco vezes: duas do Campeonato Brasileiro, duas do Campeonato Paulista e uma do Torneio Rio-São Paulo.
Aquele foi o início da ''Era Parmalat'', visto que graças à empresa italiana vieram atletas como o zagueiro Antônio Carlos, os meio-campistas César Sampaio e Zinho e os atacantes Edmundo e Evair. Todos comandados por Vanderlei Luxemburgo.
Parmalat II
Por fim, poderíamos citar o Palmeiras que, entre 1998 e 2000, conquistou outros cinco troféus: uma Copa Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Copa Mercosul, uma Copa dos Campeões e um Torneio Rio-São Paulo.
Alguns dos nomes marcantes daquele grupo que representou o fim da ''Era Parmalat'' foram o goleiro Marcos, o lateral-direito Francisco Arce, o lateral-esquerdo Júnior e o meio-campista Alex. O treinador era Luiz Felipe Scolari.
Nos últimos dois anos desta que pode ser chamada de ''Era Crefisa'', foram seis conquistas: duas da Copa Libertadores, uma da Copa do Brasil, duas do Campeonato Paulista (a primeira ainda com Vanderlei Luxemburgo) e uma da Recopa Sul-Americana.
Nesse período, podemos dizer que os principais jogadores vêm sendo o goleiro Weverton, o zagueiro Gustavo Gómez e os meio-campistas Danilo e Raphael Veiga.
Já podemos dizer que este Palmeiras superou os anteriormente citados?
No que se refere a títulos, a princípio pode parecer difícil argumentar contra uma equipe que foi campeã sul-americana duas vezes.
Mesmo assim, faríamos bem em considerar que nos anos 1960 e 1970 o Campeonato Paulista talvez não fosse menos importante que a Copa Libertadores (por mais absurda que tal afirmação pareça hoje em dia).
Quanto ao ainda mais subjetivo conceito da qualidade do futebol apresentado, é provável que o Palmeiras de 2020 a 2022 saia perdendo na comparação tanto com as duas ''Academias'' quanto com o do início da ''Era Parmalat''.
Não foi por acaso que, no mesmo dia da já citada análise da Lance! Espresso, Paulo Cobos disse em seu blog na ESPN que o paraguaio Gustavo Gómez era o único do atual elenco que teria espaço na seleção histórica do clube.
No fim das contas, é essa carência de craques indiscutíveis que torna difícil considerar este o maior Palmeiras de todos os tempos.
Portanto, se quiser acabar de uma vez por todas com essa discussão, o grupo de hoje precisará conquistar pelo menos mais um grande troféu nesta temporada.
O Campeonato Brasileiro seria a escolha ideal: trata-se de um torneio de pontos corridos e um dos poucos títulos que faltam a Abel Ferreira.
Conseguirá o técnico português enfim conquistá-lo em 2022?
As chances parecem ótimas; mas essa é uma pergunta para a qual dificilmente teremos uma resposta antes de novembro.
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