Em 11 de junho de 2023, Novak Djokovic isolou-se como o maior vencedor de «majors» após derrotar Casper Ruud na final do Aberto da França.
[Traduzido e adaptado de «Novak Djokovic: 23 Slams and counting».]
Novak Djokovic completou 36 anos no último mês de maio, enquanto Rafael Nadal —que tem 22 Grand Slams— completou 37 no mês seguinte. O espanhol está próximo de encerrar sua majestosa carreira, enquanto o sérvio não dá sinais de que vá se aposentar em breve.
Grand Slam | anos em que Djokovic foi campeão |
Aberto da Austrália | 2008, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2019, 2020, 2021 e 2023 |
Aberto da França | 2016, 2021 e 2023 |
Wimbledon | 2011, 2014, 2015, 2018, 2019, 2021 e 2022 |
Aberto dos Estados Unidos | 2011, 2015 e 2018 |
Há o sentimento entre alguns observadores de tênis de que a carreira de Djokovic demorou um pouco para alavancar. O ponto mais importante na defesa dessa tese é que o sérvio levou três anos para conquistar, no Aberto da Austrália de 2008, o seu primeiro Grand Slam.
Antes daquela conquista em Melbourne Park, Djokovic já havia se mostrado um atleta promissor. Seu primeiro título foi no saibro de Amersfoort, em 2006, quando não perdeu um único set e superou Guillermo Coria e Nicolás Massú (dois dos melhores tenistas em terra batida na época). Mas obviamente era difícil dizer então que ele se tornaria o principal rival de Roger Federer e Rafael Nadal nos anos seguintes.
Ainda em 2006 veio o segundo título, na quadra rápida do Metz. Mas Djokovic só começou mesmo a chamar a atenção no ano seguinte, quando dois de seus cinco troféus vieram em torneios Masters 1000 (ambos em quadra rápida): o de Miami —na época tido como o «quinto major»— e o de Montreal.
Menos de seis meses após o triunfo no Canadá, o sérvio passou a integrar o grupo dos campeões individuais em Grand Slams. Em sua primeira conquista na Austrália ele superou em sets corridos Lleyton Hewitt, David Ferrer e Roger Federer antes de superar Jo-Wilfried Tsonga em quatro sets na final.
Mas, mesmo após atingir esse grande marco, ainda não era nada óbvia a previsão de que ele se tornaria o maior vencedor do Aberto da Austrália ao conquistá-lo outras nove vezes.
Djokovic levaria três para vencer pela segunda vez em Melbourne; mas não se pode dizer que ele tenha se acomodado nesse ínterim.
Em 2008 mesmo ele venceu os Masters de Indian Wells e Roma, antes de conquistar pela primeira vez, em Xangai, o prestigiado torneio de fim de temporada: o ATP Finals (então conhecido como Tennis Masters Cup). Em 2009 ele venceu o Masters de Paris, e em 2010 teve um ano bem discreto ao conquistar os ATP 500 de Dubai e Pequim.
Na temporada seguinte, por outro lado, Djokovic confirmou que a sua vitória de 2008 em Melbourne não foi à toa. 2011 terminou com o sérvio tendo conquistado o Aberto da Austrália, Wimbledon e o Aberto dos Estados Unidos.
Ali dissipavam-se quaisquer dúvidas quanto a se Djokovic pertenceria ou não ao grupo dos grandes do tênis. Com a conquista de três Grand Slams em uma única temporada, faltou-lhe apenas o Aberto da França. Mas, com Nadal quase impossível de bater no saibro, essa missão seria tão complicada para ele quanto foi para Federer.
Nos dois anos posteriores pudemos vê-lo triunfar duas vezes em torneios como o Aberto da Austrália, o ATP de Pequim e o ATP Finals (que por aquela altura era realizado em Londres). Em 2014 ele venceu pela segunda vez em Wimbledon e conquistou o torneio de fim de temporada pelo terceiro ano seguido.
Seu ano mais vitorioso foi 2015, quando conquistou onze títulos. Entre eles estavam mais uma vez o Aberto da Austrália, Wimbledon, o Aberto dos Estados Unidos e o ATP Finals. Mais uma vez faltou o Aberto da França.
Essa espera terminou em 2016 (quando conquistou seu sexto Aberto da Austrália). Aproveitando-se da ausência de Nadal —que abandonou o Grand Slam francês na terceira rodada por lesão—, Djokovic foi pela primeira vez campeão do major disputado em saibro.
Após um 2017 menos agitado, devido principalmente a uma lesão em cotovelo, o sérvio foi novamente campeão nos majors da Inglaterra e dos Estado Unidos em 2018, da Austrália e da Inglaterra em 2019, e outra vez da Austrália em 2020.
2021 foi quando Djokovic venceu o Aberto da França pela segunda vez, e nesse ano ele triunfou também no Aberto da Austrália e em Wimbledon. 2022 viu-o vencer novamente o major inglês e o ATP Finals (em Turim).
Com as conquistas da temporada passada, o sérvio não só ficou muito bem encaminhado para eclipsar Federal e Nadal na corrida por Grand Slams como para superá-los em Masters (e em ATP Finals).
Tendo vencido os dois Grand Slams mais recentes, Djokovic é o favorito à vitória também nos três seguintes. Para 2023, o sérvio está cotado em 1,72 para a conquista de Wimbledon (em julho) e em 2,10 para a do Aberto dos Estados Unidos (entre agosto e setembro); para 2024, ele está cotado em 2,25 para a conquista do Aberto da Austrália (em janeiro).
No embalo de suas vitórias em Melbourne e Paris na atual temporada, Djokovic provavelmente levará a melhor também na grama de Londres. Se há um ponto fraco no jogo do sérvio, este pode ser visto mais facilmente em Nova Iorque: no Parque Flushing Meadows ele foi campeão «apenas» três vezes.
Como dissemos no início deste texto, Nadal parece estar para dizer adeus às quadras em breve. Mas Djokovic, que se viu passando por períodos de descanso forçado nas últimas temporadas, parece apto para continuar por mais quatro ou cinco anos (possivelmente indo mais longe que Federer, que se aposentou aos 41).
O sérvio parece capaz de vencer pelo menos mais alguns Abertos da Austrália e talvez mais um ou dois Wimbledons. Logo, caso evite lesões, Djokovic deve facilmente ultrapassar a marca de 25 Grand Slams e talvez chegue perto de estender essa contagem até 30.