Pelé é por si uma história de sucesso, mas sua gloriosa carreira teve apenas uma lacuna – ele não conseguiu triunfar no torneio continental.
Considerado um dos melhores jogadores de sempre da história do futebol mundial, Pelé venceu três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970), duas Copas Roca (1957 e 1963), e foi o primeiro jogador a atingir a marca dos mil gols na carreira, mas não teve uma relação feliz com a Copa América e acabou nunca vencendo a maior competição da América do Sul.
Em 1959, ele fez sua única participação no torneio, e foi mesmo o artilheiro da competição, com oito gols marcados em seis jogos, um deles na final contra a Argentina. Mas, apesar do empate final por 1 a 1, o troféu acabou entregue à seleção argentina, que tinha tido melhor registo na competição do que a Canarinho.
Depois disso, e apesar de sua carreira de 14 anos com a Seleção, Pelé não teve mais chance de conquistar, já que ele não participou das três edições seguintes: a segunda edição de 1959 no Equador, bem como as de 1963 e 1967, por razões variadas.
A lenda brasileira participou apenas de uma edição da competição, então denominada Campeonato Sul-Americano, em março de 1959.
O torneio da CONMEBOL contou com a anfitriã Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai em um formato de todos contra todos, em turno único.
A Canarinho não teve a estreia desejada, não conseguindo melhor do que um empate com o Peru, por 2 a 2, um resultado que acabou por ser decisivo.
Pelé, com apenas 18 anos na época, fez sua estreia no torneio e marcou um dos gols do time. Foi a primeira amostra do brilhantismo do jovem brasileiro, que em seguida ajudou o time a manter sua invencibilidade e a chegar à final.
No total, o Brasil conseguiu quatro vitórias e dois empates – na estreia e na final, e Pelé foi premiado como o melhor jogador do torneio e ainda como maior artilheiro com seus oito gols marcados em cinco dos seis jogos do Brasil, incluindo dois contra o Chile e três contra o Paraguai.
Junto com ele, Didi e Garrincha também foram nomeados na equipa ideal do torneio. No entanto, tudo isso não chegou para que a Seleção saísse vitoriosa e levantasse o troféu.
Na final, perante um Monumental de Núñez lotado, a anfitriã Argentina abriu o placar por Pizutti, mas Pelé marcou o gol do empate, que durou até ao apito final.
Com esse resultado, o troféu foi atribuído à Alviceleste, que tinha melhor registo, com cinco vitórias e apenas um empate. Ou seja, a seleção da casa contava mais um ponto do que os comandados de Vicente Feola, que assim terminaram em segundo lugar na geral. Lembramos que nessa época a vitória valia dois e não três pontos como atualmente.
Também em 1959, mas em dezembro, a competição teve uma segunda edição, no Equador, mas a entidade reguladora do futebol brasileiro na época, optou por utilizar uma equipe B, composta apenas por jogadores do estado de Pernambuco. Ou seja, o time não incluía Pelé no elenco, mas mesmo assim conseguiu a terceira posição na geral.
Quatro anos depois, o atacante, que já era considerado o melhor jogador do mundo, não participou do torneio por opção. Após conquistar a Copa Libertadores e a Copa Intercontinental com o Santos, o clube tinha agendada uma turnê pela Europa, África e Ásia, e obviamente Pelé era a grande atração da equipe. Leal a seu clube, o astro optou por sair nessa turnê e não fazer parte da equipe brasileira no torneio continental.
Sua última chance de participar e levantar o troféu seria em 1967, já que entre essa data e 1975 a competição não se realizou. Mas, mais uma vez, a sorte interviu, porque a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos, precursora da CBF), assim como o Peru, decidiu não participar do torneio sul-americano.
O fato de nunca ter levantado a Copa América é apenas uma nota menos boa na carreira brilhante, lembrada e celebrada até hoje, do Rei do Futebol.