Duas pesquisas recentes reacenderam discussões sobre as maiores torcidas do Brasil e sobre o momento histórico dos clubes mais tradicionais do país.
[Artigo originalmente publicado em 26 de julho de 2022.]
No espaço de um mês, foram divulgadas duas pesquisas sobre os tamanhos das maiores torcidas de clubes brasileiros de futebol: em junho, a da XP em parceria com a Sport Track; em julho, a do Globo em parceria com o Ipec.
Focamos aqui naquelas que nos parecem as diferenças e semelhanças mais significativas entre ambas.
Os nomes e a ordem dos quatro primeiros são os mesmos nos dois rankings. Respectivamente: Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras.
Segundo a pesquisa XP/Sport Track, que é divulgada a cada dois anos, a diferença do Urubu para o Coringão é agora de 6% (24% versus 18%), quando em 2018 era de pouco menos de 4% (19,5% versus 15,8%).
Isso não surpreende. Desde a pesquisa mais antiga, o Rubro-Negro da Gávea conquistou uma Copa Libertadores (2019) e dois Campeonatos Brasileiros (2019 e 2020), enquanto o Alvinegro do Parque São Jorge não teve nenhuma conquista nacional ou internacional.
Como também seria de esperar, em ambas as pesquisas o Palmeiras, campeão nos últimos anos de duas Libertadores (2020 e 2021) e uma Copa do Brasil (2020), está a menos de 2% do São Paulo, que não foi campeão nem nacional nem continental nesse período.
A grande controvérsia é sem dúvida a quinta posição no ranking da XP/Sport Track, que coloca — pela segunda vez seguida — o Grêmio (4,7%) à frente do Vasco (4,1%). Já na pesquisa O Globo/Ipec, os cariocas superam os gaúchos em 1% (4,2% versus 3,2%).
Até certo ponto é lógica a queda do Vasco na pesquisa divulgada em junho. Afinal, o Corvo atravessa o momento mais delicado de sua história, tendo sido rebaixado para a Série B pela quarta vez em 2020 e fracassado em obter o acesso à Série A no ano passado.
Além disso, o Tricolor dos Pampas vinha se mantendo competitivo até ser rebaixado na Série A 2021 pela terceira vez em sua história. A última grande conquista dos gaúchos foi a Libertadores de 2017, mas ainda em 2020 o clube foi vice-campeão da Copa do Brasil.
Convém lembrar, porém, que, em uma pesquisa da Datafolha de 2019, o Almirante estava entre as cinco maiores torcidas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Já o Mosqueteiro, apesar de líder na região Sul, tinha muito menos abrangência nacional.
Uma diferença curiosa entre os rankings diz respeito aos dois grandes de Minas Gerais: segundo XP/Sport Track, o Atlético-MG é o 7.º (3,7%), e o Cruzeiro o 10.º (2,8%); segundo O Globo/Ipec, a Raposa é que está em 7.º (3,1%), e o Galo em 10.º (2,1%).
Não parece fácil determinar qual dos belo-horizontinos tem a maior torcida, em parte porque o contraste esportivo em 2021 foi enorme: enquanto o Atlético conquistava o Mineiro, a Série A e a Copa do Brasil, o Cruzeiro disputava a Série B pelo segundo ano consecutivo.
Também há que se levar em conta a temporada passada ao analisarmos os números referentes às maiores torcidas entre clubes do Nordeste.
Em relação à primeira posição parece não haver controvérsia: tanto a pesquisa de junho quanto a de julho colocam o Bahia à frente dos demais. O Tricolor de Aço é o 12.º colocado na primeira e o 11.º na segunda.
Tradicionalmente, o Sport aparecia como o segundo maior entre os nordestinos, e o resultado da XP/Sport Track aponta justamente isso. Já O Globo/Ipec coloca o Fortaleza à frente dos pernambucanos, ainda que pela margem mínima (1,3% versus 1,2%).
É nesse ponto que convém lembrar o feito do Fortaleza de 2021, que se tornou o primeiro clube nordestino a conseguir se classificar a uma Libertadores através de um Brasileirão de pontos corridos. Nesse mesmo ano, tanto Bahia quanto Sport foram rebaixados à Série B.
Por outro lado, podemos ver mudanças drásticas ao fim desta temporada: enquanto os fortalezenses estão em último lugar na primeira divisão, os soteropolitanos estão em quarto na segunda divisão (enquanto os recifenses estão em décimo).
Exceto pela questão do segundo colocado entre os nordestinos, vimos que, entre as duas pesquisas analisadas, a da XP/Sport Track nos sugere um impacto muito maior do momento de cada clube no crescimento ou não de sua torcida.
Se estamos de fato presenciando mudanças tão acentuadas em períodos tão curtos, há que se perguntar quantos clubes brasileiros ainda serão considerados nacionalmente grandes daqui a uma década.
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