Alguns clubes do tradicional grupo dos doze grandes brasileiros tornaram-se mais conhecidos em outros países do que seria de esperar.
Por diferentes motivos, três dos grandes do Brasil ganharam projeção na Arábia Saudita, no Marrocos e em Portugal.
O clube mais vitorioso da Arábia Saudita é o Al-Hilal, de Riade. Estamos falando do recordista de títulos da Liga Profissional Saudita (dezoito conquistas) e da Copa do Rei (treze conquistas). Como se tudo isso não bastasse, essa instituição é a maior vencedora da Liga dos Campeões da Ásia (quatro conquistas).
Os torcedores do Al-Hilal têm um respeito especial pelo Fluminense por conta de dois jogadores. Um deles é Roberto Rivellino, que, após quatro anos defendendo o Tricolor das Laranjeiras, se transferiu para o clube saudita em 1978. E foi por lá que o lendário ponta-esquerda se aposentou, em 1981, tendo conquistado a Liga Saudita de 1978–79.
O outro ídolo em comum das duas torcidas é Thiago Neves. Tendo se destacado no clube carioca em 2007 e 2008, o meia foi vendido ao Hamburgo, da Alemanha, e, depois de um empréstimo ao próprio Fluminense, chegou ao Al-Hilal em 2009. Os sauditas o emprestaram ao Flamengo e depois o venderam ao Fluminense, mas o compraram de volta em 2013.
Essa segunda e última passagem de Thiago por Riade durou até 2015. Nessas idas e vindas, destacam-se as suas conquistas da Liga Saudita de 2009–10 e da Copa do Rei de 2015. Vale notar também que o brasileiro foi eleito para o onze ideal da Liga dos Campeões da Ásia de 2014 (da qual o Al-Hilal foi vice-campeão).
Um dos maiores clubes do Marrocos é o Raja Club Athletic, de Casablanca. Essa instituição conhecida como Águias Verdes conquistou por doze vezes o Campeonato Marroquino (o Botola Pro) e por oito vezes a Copa do Marrocos (a Copa do Trono). Destacam-se também as suas três conquistas da Liga dos Campeões da África.
Não há brasileiros na lista dos maiores jogadores da história do Raja (até porque não foram muitos os que jogaram em qualquer clube marroquino). Ainda assim, a equipe de Casablanca tem uma forte relação com o Cruzeiro. Tal relação teve como seu marco inicial o Mundial de Clubes da FIFA de 2013, realizado nas cidades de Agadir e Marraquexe.
Por ter sido o campeão do Botola da temporada anterior, o Raja participou daquele Mundial como o representante do país-sede. Após o Auckland City no primeiro jogo, os Verdes já conseguiram um feito e tanto ao derrotar o Monterrey, do México, nas quartas de final. O que dizer então da sua vitória sobre o Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho nas semifinais?
Desde aquele dia os cruzeirenses sentem-se gratos aos marroquinos, e ao longo dos anos criou-se um vínculo entre os torcedores das Águias e da Raposa nas redes sociais. Tais interações não passaram despercebidas pelos clubes, que em 2021 formalizaram uma parceria digital tendo como objetivo ''o crescimento de suas marcas'' nos dois países.
Entre os três grandes de Portugal está o Futebol Clube do Porto. Essa instituição fundada em 1893 tem como seus principais troféus nacionais trinta do Campeonato Português (a Primeira Liga) e dezoito da Taça de Portugal. No Velho Continente, destacam-se as suas duas conquistas da Liga dos Campeões da Europa.
Muitos brasileiros vestiram a camisa dos Dragões, mas nenhum deixou sua marca como o atacante Jardel. Depois de duas temporadas de sucesso no Grêmio, esse fortalezense chegou ao Porto em 1996. De lá ele sairia em 2000, mas não sem antes conquistar diversos títulos e terminar como o artilheiro da Primeira Liga por quatro temporadas seguidas.
Outro nome digno de ser mencionado é o do lateral-esquerdo Alex Telles. Tendo atuado em 2013 pelo Tricolor dos Pampas, esse jogador nascido em Caxias do Sul jogou nos Azuis e Brancos de Portugal entre 2016 e 2020. Nesse período, Telles foi convocado pela primeira vez por Tite para a seleção.
O ex-gremista da vez é Pepê. Tendo se destacado tanto no Foz do Iguaçu, de sua cidade natal, como no Grêmio, o ponta-direita/esquerda foi vendido pelos gaúchos aos portugueses em 2021. Na temporada passada tornou-se titular (às vezes até como lateral), e em Portugal já se fala que, a partir de 2023, há boas chances de vê-lo na seleção brasileira.
Os casos aqui citados indicam haver um potencial ainda pouco explorado por clubes de futebol no que se refere ao fortalecimento de suas marcas através da construção e fomentação de vínculos de intercâmbio. Para isso basta ter boa vontade e escolher de forma criteriosa o parceiro ideal.