No próximo Europeu, a Croácia sonha em ir tão longe quanto nos dois últimos Mundiais.
Em dezembro de 2022, no Catar, a Croácia chegou à sua terceira semifinal de Copa do Mundo tendo entre suas peças-chave jogadores como Modric, Brozovic e Perisic.
Em junho deste ano, na Alemanha, os axadrezados chegarão à Eurocopa ainda confiando em seus principais veteranos. Conseguirão eles surpreender novamente?
O plantel croata no mais recente Mundial de Seleções tinha idade média de 25 anos, e na comparação com os demais era apenas o nono mais velho. Mas, com exceção da disputa pelo terceiro lugar, em todas as suas partidas no Catar os axadrezados entraram em campo com um onze cuja média de idade excedia os 29 anos.
Naquela Copa do Mundo em que sua equipe só perdeu para a Argentina, o técnico Zlatko Dalic se ancorou em nomes como o zagueiro Dejan Lovren, os meio-campistas Marcelo Brozovic e Luka Modric e os atacantes Andrej Kramaric e Ivan Perisic. Todos eles já tinham no mínimo 30 anos quando estiveram no Oriente Médio.
Em fevereiro do ano passado chegou o momento de Lovren, então com 33 anos, anunciar sua despedida da seleção. Mas os outros quatro jogadores mencionados no parágrafo anterior não só continuaram à disposição de Dalic (que comanda a Croácia desde 2017) como mantiveram perante ele o estatuto de indispensáveis.
Entre março e novembro, a Croácia disputou suas oito partidas pelas Eliminatórias da Eurocopa a ser sediada pela Alemanha entre junho e julho deste ano. Brozovic e Modric foram titulares em todas elas, e Kramaric e Perisic também o teriam sido se não tivessem se lesionado nesse período. (Perisic é dúvida para o Europeu.)
Em 2023 os balcânicos foram finalistas da Liga das Nações da UEFA (acabaram vice-campeões ao perder nos pênaltis para a Espanha), mas isso teria significado muito pouco se a equipe não tivesse conseguido a classificação ao Campeonato Europeu. E em certo momento o desastre pareceu prestes a se concretizar.
No torneio de qualificação para a Eurocopa a Croácia teve como adversários a Armênia, a Letônia, o País de Gales e a Turquia. Não era um grupo dos mais fáceis, mas, considerando que os dois primeiros colocados teriam presença garantida na Alemanha, seria inusitado se os de Dalic não fossem uma dessas equipes.
O fato é que os croatas chegaram às duas rodadas finais atrás dos turcos e empatados em pontos com os galeses. Por terem vencido esses dois últimos jogos (contra os letões e os armênios) e por terem visto os seus rivais empatarem duas vezes, os axadrezados terminaram com dezesseis pontos (um a menos que os líderes).
Nessas oito rodadas a Croácia teve retrospecto de cinco vitórias, um empate e duas derrotas. O time não foi mal defensivamente, visto que sofreu quatro gols (média de 0,50); por outro lado, sua boa média de dezoito finalizações por jogo deu-lhes um número relativamente baixo de treze gols marcados (média de 1,62).
A seleção pouco mudou desde o último Mundial. Até aqui destacamos Modric (38 anos), Perisic (34), Kramaric (32) e Brozovic (31), mas outros veteranos que foram titulares no Catar e mantiveram esse estatuto nos últimos doze meses são o goleiro Dominik Livakovic (28) e o meio-campista Mateo Kovacic (29).
Embora ainda seja cedo para fazer esse tipo de prognóstico, no centro da linha defensiva os axadrezados parecem ter dois titulares para 2026. Um dos destaques da última Copa do Mundo foi Josko Gvardiol, hoje com 21 anos; e desde a aposentadoria de Lovren quem se firmou na zaga foi Josip Sutalo, hoje com 23.
Na linha de frente há incertezas, pois Dalic parece preferir ver Kramaric mais recuado para que a seleção chegue à Alemanha com um jogador jovem no centro do ataque. Dion Drena Beljo, de 21 anos, pode ser esse homem; mas o provável é que no Europeu o titular seja Bruno Petkovic, de 29, ou Ante Budimir, de 32.
Na Eurocopa a Croácia foi sorteada para aquele que em tese é o mais difícil dos grupos: Espanha, Albânia e Itália serão os seus oponentes. A expressão «grupo da morte» talvez seja inapropriada porque, além dos dois primeiros colocados, os quatro melhores terceiros colocados avançam às oitavas de final.
Supondo-se que Dalic e seus homens passem de fase, qualquer adversário que tenham pela frente representará um grande desafio. Embora tenham superado a fase de grupos em quatro edições do Campeonato Europeu (1996, 2008, 2016 e 2020), os axadrezados jamais venceram um jogo eliminatório nesse torneio.
Esta seleção dos Bálcãs tem dois belos motivos para realizar uma grande Eurocopa em 2024. Um é recompensar os vários torcedores seus que lhe apoiarão (em solo alemão vivem mais de 400 mil croatas); outro é oferecer ao seu maior jogador de sempre, Luka Modric, uma digna despedida com a camisa axadrezada.