O bom momento do atacante Talles Magno justifica as expectativas em torno de sua possível participação nas próximas Olimpíadas.
[Artigo originalmente publicado em 9 de agosto de 2022.]
Em 2016, no Rio de Janeiro, a seleção brasileira de futebol masculino conseguiu a sua primeira medalha de ouro em uma Olimpíada. Cinco anos depois, em Tóquio, veio a segunda conquista.
Em ambos os casos, o sucesso olímpico serviu de ''trampolim'' para que alguns jogadores conquistassem espaço na seleção principal.
Pelo que se viu nos últimos doze meses, esse roteiro pode muito bem se repetir com o atacante Talles Magno após Paris 2024.
Hoje com 20 anos de idade, o carioca Talles Magno Bacelar Martins fez sua estreia entre os profissionais do Vasco em junho de 2019 — a poucos dias de completar 17 anos.
Naquele mesmo ano, Talles foi um dos convocados pelo treinador Guilherme Dalla Déa para a Copa do Mundo Sub-17, que seria realizada em outubro, no Brasil.
A Canarinho terminou como campeã, mas o atacante vascaíno perdeu os últimos três jogos da competição devido à lesão que sofreu nas oitavas de final.
Na temporada seguinte, Talles mostrou-se irregular e, no Brasileirão (que só terminaria no início de 2021), não pôde impedir o rebaixamento do Gigante da Colina.
Em maio de 2021 anunciou-se a venda de ''Talles Mágico'', então com 18 anos, para o New York City. O valor foi de US$ 8 milhões, podendo chegar a US$ 12 milhões.
O início na Major League Soccer não foi dos mais fáceis. Durante boa parte da temporada 2021, o brasileiro esteve entre os suplentes da equipe treinada pelo norueguês Ronny Deila.
Seu grande momento no ano veio em 5 de dezembro: na final da Conferência Leste da MLS Cup, Talles entrou no segundo tempo e marcou o gol que decidiu a vitória de sua equipe sobre o Philadelphia Union.
A grande final seria contra o Portland Timbers, em 11 de dezembro. Naquele dia, o New York City conquistou o primeiro título de sua história, e Talles — novamente como suplente utilizado — converteu a sua cobrança na disputa de pênaltis.
Como ele mesmo lembraria em entrevista à Placar pouco depois desse troféu, esses primeiros meses nos Estados Unidos lhe ajudaram a ser um jogador mais versátil: ''Aprendi a jogar de centroavante, ponta, camisa 10 e de outras funções''.
Sua evolução foi ainda mais notável no primeiro semestre de 2022. Na Liga dos Campeões da Concacaf — competição em que o New York City caiu nas semifinais —, o atacante brasileiro marcou três gols e foi eleito o melhor jogador jovem do torneio.
Além disso, Talles foi o único atleta no onze ideal da Concachampions que não atuou por um dos dois finalistas (o Seattle Sounders e os mexicanos do Pumas).
Seu bom desempenho vem sendo difícil de ignorar. Em julho deste ano, Joseph Lowery escreveu uma matéria a seu respeito para The Athletic na qual disse que o brasileiro de 20 anos era o mais completo dos jovens em atividade na MLS.
Como seria de esperar, ainda há o que evoluir. Segundo Lowery, falta a Talles criar as suas próprias oportunidades de gol, isto é, não depender tanto de assistências para chegar ao ponto de finalizar.
De qualquer maneira, pode-se dizer que o brasileiro vem fazendo muito bem a ''lição de casa'' para passar no ''vestibular olímpico'' de 2024.
Como dito no início deste texto, as últimas duas Olimpíadas contribuíram muito para mudar o estatuto de alguns jogadores brasileiros.
No torneio realizado entre julho e agosto do ano passado, em Tóquio, um dos atletas da equipe treinada por André Jardine que mais agradou foi o atacante Matheus Cunha.
Os seus três gols na competição foram possivelmente determinantes para que Matheus estivesse na lista de convocados para a seleção principal em setembro após um ano sem ser chamado.
Nas Olimpíadas anteriores, realizadas no Rio de Janeiro em agosto de 2016, o goleiro Weverton foi um dos atletas com mais de 23 anos convocados por Rogério Micale.
Tendo sofrido apenas um gol em seis jogos naquela competição e defendido uma cobrança na decisão por pênaltis, Weverton foi convocado pela primeira vez por Tite no mês seguinte.
Não há garantias de que Talles Magno um dia terá a sua chance na seleção principal. E, enquanto estiver jogando nos Estados Unidos, nem todos levariam essa possibilidade a sério.
Por outro lado, se o camisa 43 do New York City seguir evoluindo tática e fisicamente, em breve a MLS ficará pequena para ele.
E, mesmo que uma oportunidade em uma das grandes ligas europeias não surja até 2024, um bom desempenho nas próximas Olimpíadas tornaria lógico vê-lo entre os convocados para a seleção principal do Brasil logo em seguida.
Tão lógico quanto foi vê-lo estrear nos profissionais do Vasco com apenas 16 anos.
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