Relembramos a histórica segunda conquista dos «brancos e celestes» na Serie A — uma disputa ponto a ponto com a Juventus que só se decidiu na última rodada.
[Traduzido e adaptado de «La Lazio campione d'Italia nel 1999/2000».]
14 de maio de 2000 é uma data de que os torcedores da Lazio —e provavelmente também os da Juventus— jamais esquecerão. Foi nesse dia que os biancocelesti, do presidente Sergio Cragnotti e do técnico Sven-Göran Eriksson, conquistaram o segundo scudetto de sua história. Era o fim de uma disputa ponto a ponto em que os romanos se viram beneficiados pela derrota dos turineses na última rodada.
Após ceder ao Milan a liderança da Serie A anterior na penúltima rodada, a Lazio se reforçou bem no verão de 1999. Se o artilheiro Christian Vieri foi embora (para a Internazionale), vieram o atacante Simone Inzaghi (do Piacenza), o meio-campista Diego Simeone (da Internazionale) e o zagueiro Roberto Sensini e o meio-campista Juan Sebastián Verón (ambos do Parma).
A lista dos principais remanescentes de 1998–99 comprova a força daquela equipe: os goleiros Luca Marchegiani e Marco Ballotta, o zagueiro Alessandro Nesta, o zagueiro/volante Siniša Mihajlović, os laterais Paolo Negro e Giuseppe Pancaro, os meio-campistas Sérgio Conceição e Pavel Nedvěd e os atacantes Marcelo Salas, Alen Bokšić e Roberto Mancini.
Entre os habituais suplentes havia jogadores que seriam titulares em qualquer outro time: o zagueiro Fernando Couto, os meio-campistas Matías Almeyda e Dejan Stanković e o atacante Fabrizio Ravanelli.
O início da temporada foi ótimo, com a conquista da Supercopa da UEFA, em Mônaco, após vitória por 1 x 0 sobre o Manchester United (gol de Salas). Foi sem muitos tropeços a jornada na primeira metade do Campeonato Italiano —exceto pelas derrotas para a Roma e para o Venezia—, mas os biancocelesti perderam a liderança após o empate por 0 x 0 com a Reggina, fora de casa, pela 17.ª rodada. A Juventus do técnico Carlo Ancelotti foi a campeã de inverno, com 36 pontos. Em seguida vinham a Lazio, com 35, e a Roma e o Parma, ambos com 32.
No segundo turno a equipe comandada por Eriksson apresentou um abrandamento (visto também na Liga dos Campeões, com a eliminação perante o Valencia nas quartas de final). Após derrota fora de casa para o Milan (2 x 1), empate em casa com a Inter (2 x 2) e derrota fora para o Verona (1 x 0), a vantagem da vecchia signora sobre as aquile era de nove pontos. Como faltavam oito rodadas para o fim (eram 34 na época), seria necessária uma reviravolta miraculosa (como a que favoreceu o Milan no ano anterior). E foi o que se viu.
0 2 x 1 sobre a Roma na 27.ª rodada foi de virada, com gols de Nedvěd e Verón. Como um dia antes a Juventus fora derrotada pelo Milan, a distância para os bianconeri passou a ser de seis pontos. Na rodada seguinte tivemos em Turim o confronto entre os dois primeiros colocados, quando Simeone acertou bela cabeçada que resultou no encurtamento da distância para apenas três pontos.
Na 29.ª rodada, Attilio Lombardo marcou o gol do 1 x 0 da Lazio sobre o Perugia, mas naquele mesmo dia a Juventus derrotou o Bologna por 2 x 0. Na 30.ª rodada a situação dos homens de Eriksson se complicou após empatarem por 3 x 3 com a Fiorentina e Ancelotti e seu comandados derrotarem a Internazionale. A quatro jogos do fim, a distância aumentava para cinco pontos.
A Juventus derrotou a Fiorentina por 1 x 0 na 31.ª rodada, enquanto a Lazio derrotou o Piacenza por 2 x 0 (Simeone e Verón). Na antepenúltima rodada, a distância entre os dois primeiros voltou a ser de três pontos: a Lazio venceu o Venezia por 3 x 2 (Simeone, Inzaghi e gol contra de Filippo Maniero), e a Juventus perdeu para o Hellas Verona por 2 x 0. Na penúltima rodada, os romanos bateram o Bologna por 3 x 2 (Conceição, Simeone e Salas), e os turineses o Parma por 1 x 0.
Tudo se decidiria na rodada final: a Juventus no campo do Perugia, a Lazio em casa contra a Reggina. Isso queria dizer que tanto a vecchia signora quanto as aquile teriam pela frente adversários que já não corriam risco de rebaixamento. Em Roma os anfitriões venceram facilmente, com dois gols no primeiro tempo (Inzaghi e Verón, ambos de pênalti) e um no segundo (Simeone). Em Perúgia um «inferno de água» se abriu, e a partida foi suspensa por 71 minutos, até que o árbitro Pierluigi Collina a reiniciou após diversas tentativas.
No meio daquele pântano surge o zagueiro Alessandro Calori, com remate que supera o goleiro Edwin van der Sar e deixa o placar em 1 x 0 para os donos da casa. Com o jogo no Olimpico já finalizado, todos no rádio passam a acompanhar o segundo tempo de Perugia vs. Juventus. O placar não sofreu alterações. Foi assim, com uma ultrapassagem na última curva, que a Lazio se tornou bicampeã italiana. Para completar a festa, quatro dias depois os biancocelesti conquistaram também a Coppa Italia.